Resumo |
Neste presente trabalho, dentro do campo da antroponímia brasileira, propõe-se um estudo sobre os nomes próprios de origem estrangeira, mais especificamente, os advindos da língua inglesa, bem como os processos de novas criações inspirados em modelos estrangeiros. O corpus analisado foi coletado em uma escola municipal da cidade de São Carlos SP, sendo constituído por 2011 nomes próprios de crianças nascidas entre os anos de 1980 a 2005.
Assis (2007, p. 50) identifica quatro tipos diferentes de adaptações que os termos estrangeiros que entram na língua portuguesa podem sofrer, a saber: adaptações semânticas, morfológicas, gráficas e fonológicas . Este trabalho detém-se nas duas últimas e considera a adaptação do inglês norte-americano (IA) por falantes nativos de Português Brasileiro (PB) na pronúncia/grafia de nomes próprios. Assis (2007) advoga que a adaptação fonético-fonológica pode e deve ser levada em consideração ao se tratar da integração de termos estrangeiros na língua de chegada . A autora fundamenta sua afirmação no fato de esta ser, normalmente, a primeira adaptação sofrida e que serve de base para a ocorrência de outras, como a gráfica.
Ressalta-se ainda que a preferência por nomes próprios neste trabalho cuja cidade de origem seja conhecidamente brasileira justifica-se pelo fato de a legislação brasileira garantir certa liberdade de escolha aos pais e estes, como falantes nativos do português, deixam pistas que podem ser analisadas no contexto da identidade fonológica do PB .
Falantes nativos de PB, não bilíngues, ao pronunciar palavras originais do léxico inglês, podem realizar processos fonológicos a fim de adaptá-las ao seu próprio sistema. Entre estes processos, Souza (2012) investiga, na adaptação de prenomes próprios de origem inglesa, os seguintes: a) inserção de vogal epentética [i], acarretando em ressilabação por mudança na estrutura silábica original; b) modificação na localização da proeminência acentual; c) vocalização de /l/ em posição de coda silábica; d) fricativização de /r/ em posição de onset e coda silábicos; e) palatalização de /t/ e /d/ diante de /i/; f) apagamento de /r/ em posição de coda final do prenome; g) nasalização de vogais seguidas de consoantes nasais; h) substituições de segmentos específicos da língua inglesa por segmentos do PB de configuração fonética próxima. Este presente estudo foca-se em analisar alguns destes processos dentro das possibilidades do corpus coletado, como os processos de epêntese, palatalização e vocalização do /l/ocupando lugar de coda silábica. |