Resumo |
Esta comunicação tem como objetivo apresentar resultados de uma pesquisa de doutorado sobre os empregos metafóricos dos verbos de movimento polissêmicos em língua inglesa sob a ótica da linguística cognitiva, a partir do modelo de integração conceptual (FAUCONNIER, 2002) e da teoria da metáfora (LAKOFF & JOHNSON, 1980), além dos construtos denominados esquemas de imagem (LAKOFF & JOHNSON, 1999 e PEÑA, 2008) e semântica de frames (FILLMORE, 1982). Para verificar a produtividade desse objeto de estudo, realizou-se, como procedimento metodológico, a coleta de enunciados de um corpus construído a partir de textos de domínios discursivos diversos, a saber: textos jornalísticos, textos para negócios, textos acadêmicos, textos de revistas de divulgação científica e textos literários contemporâneos ficcionais e não ficcionais. A descrição da polissemia dos oito verbos selecionados para a análise go, run (movimento para frente); bring, pull (movimento para trás); raise, rise (movimento para cima); fall, drop (movimento para baixo) foi organizada em comunidades de prática. Apresentou-se uma proposta de aplicação dos resultados da análise em um módulo didático composto de três blocos de aulas de leitura em língua inglesa, cujo foco é o ensino metacognitivo de vocabulário. Outro aspecto que consistiu em um resultado bastante significativo deste trabalho é que a sincronia não pode prescindir da diacronia. Como exemplo, podemos citar a expressão popular levantar a lebre; em inglês raise a hare. Em ambas as línguas, essa expressão bastante conhecida significa "suscitar uma questão; trazer à luz o que estava escondido". Os dados do corpus confirmam os usos metafóricos de raise com esse sentido em expressões como raise a question. Sincronicamente, entendemos essa expressão como variação de raise a hare. Diacronicamente, raise a hare é "fazer a lebre se levantar", expressão originária da prática cinegética. Além da contribuição na esfera do ensino de língua inglesa como língua estrangeira, esta pesquisa procurou demonstrar como a língua é um sistema adaptativo complexo, ao estabelecer relações entre as línguas inglesa e portuguesa, e verificar que, embora hajam convergências cognitivas entre essas línguas, há divergências culturais que devem ser entendidas e dominadas pelos falantes nativos de português que se tornam aprendizes de inglês como língua estrangeira. |