Resumo |
O presente trabalho apresenta algumas reflexões iniciais que estamos realizando em torno do objeto empírico que tomamos como constituinte do arquivo de nosso estudo de doutoramento em desenvolvimento no PPGL/UFSM: o discurso publicitário audiovisual veiculado no Brasil para venda de automóveis, uma vez que nele observamos a interpelação do sujeito em indivíduo, ou seja, a individua(liza)ção do sujeito posto como responsável por suas escolhas e seu destino, tal qual propõe Haroche (1992) e Orlandi (2005) acerca do sujeito contemporâneo. Para consecução do estudo que aqui nominamos, elegemos a noção de arquivo como um campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma questão (Pêcheux, 2010, p.51), assim delimitamos um recorte temporal do ano de 2012 por ser este o período em que iniciamos nossas pesquisas; desde então, nosso trabalho tem se dado em um movimento pendular, como afirma Petri (2010, p.123), um movimento de idas e vindas da teoria para o corpus, do corpus para o arquivo, do arquivo para a teoria, e assim sucessivamente, para a construção de um dispositivo teórico e analítico satisfatório. Diante disso, nosso arquivo deverá passar ainda por recomposições para que possamos constituir o corpus de análise sobre o qual realizaremos a leitura discursiva a que nos propomos em nossa tese. Todavia, para este estudo, realizamos um recorte de duas publicidades audiovisuais (o comercial intitulado Respeitável feito para a divulgação do carro Fiat Linea e o comercial Procura-se, realizado para Honda New Fit) a partir das quais mobilizamos as noções de sujeito, de formações imaginárias e as categorias de identificação, desidentificação e contraidentificação do sujeito que nos possibilitam compreender os efeitos de sentido possíveis produzidos uma vez que interessamo-nos por pensar a publicidade como materialidade discursiva que produz efeitos de sentido entre locutores, tal qual propõe Pêcheux acerca do discurso (1969 [1993]). Deste modo, partimos de nossa filiação teórica à análise de discurso francesa, iniciada por Michel Pêcheux na década de 1960 e ressignificada no Brasil pelos trabalhos de Eni Orlandi entre outros pesquisadores, para situar a publicidade como maquinaria, suporte, instrumento que nos permitirá entender o funcionamento da linguagem que põe em relação sujeitos e sentidos na língua, afetados pela história. |