Resumo |
A produção ficcional de narrativas utiliza-se de várias ferramentas para construir e inovar as manifestações artísticas. Esses artifícios são comuns em textos sincréticos, seja pela união de várias linguagens, ou pelas diversas possibilidades de se estruturar a narrativa, com o intuito de renovar os gêneros já consolidados. Na História em Quadrinhos Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho, publicada no ano de 2010, ocorre a presença de hiatos entre as cinco narrativas que fazem parte da obra. Em Cachalote, as narrativas são apresentadas com uma linearidade particular: há quebra proposital ao longo da narrativa, e inserção de outra narrativa, ou ainda, retomada, e continuação de narrativas anteriores. Essa forma de construir o texto é uma das inovações estéticas presentes na HQ. Temos, no trabalho de Galera e Coutinho, narrativas que tratam de sentimentos limites: solidão, abandono, decadência, desprezo etc. Essas histórias, na maioria das vezes, cruzam-se por meio de temas, subtemas, sentimentos compartilhados entre sujeitos das narrativas, e acontecimentos drásticos que acontecem na realização da performance dos sujeitos, marcando as histórias narradas. Com o auxílio da Semiótica Francesa, formulada por Greimas (1979), e os estudos atuais de Semiótica Visual e visualidade, buscamos neste trabalho algumas reflexões acerca dos princípios semióticos que contribuem para uma leitura mais aprofundada e compreensão da obra. Com o objetivo de levar a teoria semiótica para o ensino de Língua Portuguesa, escolhemos o trabalho com a HQ, por se tratar de um texto sincrético que possa interessar o universo do aluno em formação. Também, especificamente em Cachalote, observa-se um formato textual inovador, que interfere na produção de sentidos e traz modificações no contrato estabelecido entre enunciador e enunciatário, o que transforma o processamento da leitura, já que se torna necessário absorver as inovações estéticas efetuadas sobre o gênero. Com essa pesquisa pretendemos colaborar com algumas considerações e comentários sobre os estudos de leitura e produção textual na escola, especialmente no ensino médio, onde o gênero HQ é bastante difundido. |