Resumo |
De acordo com Bakhtin, o estilo está intimamente relacionado ao gênero discursivo, sendo assim o estudo estilístico de um dado texto deve considerar o gênero a que pertence, bem como contexto enunciativo em que ocorre. Segundo suas palavras, o discurso literário oferece mais liberdade criativa ao autor e permite-lhe deixar manifestas, em sua obra, marcas de um estilo individual, que se afasta do uso comum. Essas características estilísticas evidenciam a preocupação com o modo de dizer, com a forma que se dá ao conteúdo textual. Riffaterre acrescenta que, para se observar marcas estilísticas de um determinado texto, de uma obra, deve-se fazer um levantamento de seus traços linguísticos recorrentes. Analisando, dessa forma, a obra Galáxias, de Haroldo de Campos, é possível observar um uso significativo de criações lexicais, que, pela sua recorrência, tornam-se um aspecto estilístico do livro, exercendo nele efeitos de sentido específicos. Em alguns casos, verifica-se que o autor explora os aspectos afetivos da criação, em outros, como bom herdeiro concretista, trabalha sua sonoridade e forma. Constata-se, em alguns exemplos, que a forma da palavra sugere seu sentido, engendrando um efeito expressivo para o discurso, tendo em vista que a forma do dizer retoma o plano do conteúdo, o que suscita a ideia do emprego de um tipo de metalinguagem mais profundo, que, talvez, pudesse ser denominado intrametalinguagem. Este trabalho, portanto, tem o objetivo de analisar algumas criações lexicais existentes na obra haroldiana mencionada, apresentando os processos pelos quais foram formadas, bem como os efeitos que produzem em seu universo enunciativo. Como base teórica, o estudo toma a Estilística Léxica, a Morfologia, a Lexicologia e os estudos discursivos, pois, juntas, essas áreas permitem que se realize uma análise que contemple não só os processos de formação utilizados pelo autor, mas também o sentido e os efeitos expressivos das novas lexias. |