61º SEMINáRIO DO GEL - 2013 |
Título: |
A variação e mudança lexical da Língua Portuguesa em Moçambique |
Autor(es): |
Alexandre Antnio Timbane. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave |
Variao,Mudana,Portugus de Moambique |
Resumo |
A Língua Portuguesa (LP) no mundo vem ganhando espaço resultado do desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, da tecnologia e de políticas linguísticas. Moçambique é um país multilingue onde as mais de vinte Línguas Bantu (LB) convivem com línguas européias e asiáticas. Esta convivência linguística cria neologismos e interferências fato que concorre para a variação e mudança. A pesquisa visa estudar e analisar a situação do Português de Moçambique (PM) sobretudo a nível lexical e explicar os processos da integração na língua. O tema é relevante porque acha-se que se fala/escreve Português Europeu e que a norma-padrão deve ser forçosamente a europeia. A escola é intolerante com relação à variação e nem dá nenhum valor no ensino de português, fato provoca o insucesso escolar. Para pesquisa temos: (a) corpus oral: 36 entrevistas (16 na cidade de Maputo e 20 na cidade de Nampula) correspondente a 191 minutos de gravação e (b) corpus escrito: jornal Notícias com 154 edições e Verdade com 24 edições (01/10/2011 a 31/03/2012). Após a transcrição das entrevistas e da organização dos corpora seguiu-se a fase da codificação para que os dados sejam lidos pelo Programa estatístico GoldVarb 2001. Da pesquisa se conclui que os estrangeirismos e os empréstimos no PM provêm das LB, do inglês, do latim e do árabe. Cada província tem suas características lexicais próprias fruto da realidade sociolinguística cultural. O PM apresenta vários hibridismos e ex-nihilos fato que comprova que é uma variante que tende a se distanciar do europeu. Os acrônimos e as siglas vindos do inglês se integram como palavras resultado da frequência de uso. Não foi verificado nenhum caso de acrônimos nem siglas vindos das LB e do latim. Os falantes não escolarizados tendem a integrar estrangeirismos de luxo e necessários principalmente no norte de Moçambique pois refletem a realidade cultural. Muitos estrangeirismos provêm da publicidade causado pelo surgimento das novas tecnologias. Os estrangeirismos do PM são nomes e completam lacunas ou mesmo para mostrar o prestígio da língua. Muitos estrangeirismos não estão dicionarizados porque Moçambique ainda depende de dicionários portugueses. Por isso que se propõe a criação de dicionário do PM para que se possa incorporar neologismos (matriz interna ou externa) para que os alunos não fiquem perdidos. É urgente a criação de uma gramática que reflita a realidade da variante moçambicana para que a escola e a sociedade encarem a variação sem preconceito. Apoio: CNPq |