Resumo |
Apesar do fato de se considerar uma abordagem baseada no uso da língua, a variação lectal _ ou seja, a variação relacionada com qualquer tipo de variedade ou variantes de uma língua: dialetos, regioletos, socioletos, idioletos, variedades nacionais, registros ou estilos etc._ tem recebido pouca atenção da Linguística Cognitiva. Uma das razões apontadas para esse comportamento é a ênfase da Linguística Cognitiva no significado. A Linguística Cognitiva tem se dedicado ao estudo da linguagem em termos de conceitos que subjazem a variação na forma. Nesse viés, os estudos tendem a tomar como base uma dada variedade e, então, essa variedade é equivalente à língua como tal. Contudo, sendo o significado seu foco principal, era de se esperar que o interesse da Linguística Cognitiva se estendesse também para o estudo da variação encontrada no interior e entre as variedades de uma dada língua, ou seja, para o significado social relacionado à variação. Nessa direção, um número considerável de estudiosos cujas pesquisas se inserem no âmbito da Linguística Cognitiva tem defendido a necessidade de aproximar os objetos de estudo e as metodologias utilizadas na Sociolinguística e na Linguística Cognitiva. E, como destacam Kristiansen e Dirven (2008), mais importante ainda é terem esses estudiosos dado passos importantes na direção de uma investigação empiricamente validada para as dimensões sociais da variação linguística, possibilitando-nos hoje legitimamente fazer menção a uma linha de pesquisa denominada Sociolinguística Cognitiva. A interface entre Linguística Cognitiva e Sociolinguística, que fez florescer a Sociolinguística Cognitiva, é o foco de nossa atenção neste trabalho, uma vez que nos interessa abordar a relação entre cognição e aspectos sociais da linguagem, buscando responder a seguinte questão: Por que Sociolinguística cognitiva?
Referências
KRISTIANSEN, Gitte; DIRVEN, René. Introduction: Cognitive Linguistics: Rationale, methods and scope. In: Gitte Kristiansen and René Dirven (eds.). Cognitive sociolinguistics: language variation, cultural models, social systems. Berlin/ New York: Mouton de Gruyter, 2008, p. 1-20.
LANGACKER, Ronald W. Grammar and Conceptualization. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1999.
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