Resumo |
O presente trabalho trata das formações neológicas na língua indígena ofayé. Os ofayé vivem atualmente nos arredores da cidade de Brasilândia (MS)e sua língua pertence ao tronco linguístico Macro-Jê. Novas formas e novos conceitos foram introduzidos nesta língua decorrente do contato com a língua portuguesa. Para nossa análise utilizamos, como aporte teórico, Brown (1999), Biderman (2001) e Alves (2007). Observamos os possíveis neologismos sintáticos, semânticos e os formados por empréstimos. A respeito da produtividade lexical, Sandmann (1991) acentua que a competência lexical do usuário de uma língua se compõe de dois momentos: o da análise e da interpretação das unidades lexicais estabelecidas no léxico, isto é, já formadas, e o da formação ou entendimento de novas palavras de acordo com modelos ou regras que a gramática da língua põe à disposição. Sabe-se que as línguas se adequam para acomodar as novas experiências, novos objetos e conceitos encontrados como resultado do contato cultural (Brown, 1999). Consequentemente, a mistura de objetos, conceitos e idéias é traduzida em novas formas linguísticas. Em alguns casos há uma recategorização da maneira como os falantes enxergam o mundo e recortam a realidade, devido a simbiose de categorizações. Essa experiência, vivida pelas sociedades indígenas traduz-se, linguisticamente, de modos variados, de acordo com cada etnia. As criações vernáculas e os empréstimos são, geralmente, os dois mecanismos lexicais formadores de novas palavras. A criação vocabular é bastante produtiva nessas línguas e demonstra a renovação do seu acervo lexical. Algumas sociedades resistem à introdução de objetos em sua vida cotidiana, bem como ao empréstimo no léxico de seu idioma, enquanto outras falam uma língua sincrética. São notáveis os casos de formação com elementos pré-existentes, como as formações onomatopaicas, bem como a adequação aos padrões fonológicos da língua. Assim, em ofayé, katek (espingarda), wihãtãi (passado/borracha escolar) e pwotae (morcego/guarda-chuva), por exemplo, evidenciam a produtividade destes processos. Verificamos, nessa língua, os processos de formação de novas palavras, considerando os mecanismos linguísticos envolvidos na criação. |