Resumo |
O presente trabalho visa discutir as relações entre as cartilhas de alfabetização (livros didáticos) atualmente utilizadas e as concepções contemporâneas de Leitura e Letramento. Os resultados, todavia, insatisfatórios na tarefa de alfabetizar e letrar os cidadãos brasileiros, ainda demanda olhares específicos sobre o tema. Nesse sentido, as análises aqui apresentadas se voltam para teoria e prática de alfabetização e letramento, tendo como fundamentos os atuais estudos sobre a aquisição da leitura e da escrita em uma perspectiva linguística com base no sociointeracionismo. O estudo realizou-se especificamente em uma escola municipal de Petrolina PE, localizada em uma ilha do Rio São Francisco Ilha do Massangano em que é utilizada como suporte de leitura para alfabetização dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental a cartilha Alfa e Beto de João Batista de Oliveira. Uma caracterização do espaço geográfico e social evidencia essa ilha como uma pequena comunidade de pescadores e agricultores que sobrevivem dessas atividades ou de pequenos serviços na cidade. Metodologicamente, a pesquisa realizou-se por meio da observação do trabalho pedagógico realizado pela professora e pelas interações dos alunos com o livro. Foram utilizados os recursos da pesquisa qualitativa no sentido de que os dados colhidos fossem analisados e comparados nas perspectivas linguística e social, no que se refere às concepções de leitura e letramento. Os resultados apontaram para uma divergência notória entre as propostas de atividades temas e subtemas da cartilha e os interesses sociais dos alunos. Como praticamente o único suporte de leitura escolar utilizado na escola, a cartilha tem preponderância no trabalho pedagógico, ou seja, as leituras e escritas dos estudantes praticamente se resumem a esse gênero escolar. Os resultados da pesquisa tornaram evidente um afastamento entre o que lê e o que se vive nesta ilha, provocando lacunas não somente no processo de alfabetização, mas também na proposta escolar de se formar leitores. |