logo

Programação do 61º seminário do GEL


61º SEMINáRIO DO GEL - 2013
Título: O Vice-Cônsul de Marguerite Duras: as trajetórias das protagonistas, caminhos que se cruzam
Autor(es): Maria Cristina Vianna Kuntz. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 26/07/2024
Palavra-chave Duras,Literatura Francesa,Literatura Contempornea
Resumo No próximo ano comemoraremos o centenário de nascimento de Marguerite Duras. Considerada hoje, uma das mais importantes escritoras da segunda metade do século XX na França, sua obra tem sido mais divulgada aqui no Brasil, ultimamente, tanto através das traduções de seus romances como por encenações de suas peças teatrais. Nascida na Indochina, no Vietnã e vindo para a França aos dezessete anos, Marguerite Duras descreve um imenso percurso e conhece regiões contrastantes do ponto de vista natural e humano. Em entrevista, a autora explica a importância do elemento espacial em seus romances, assim como na vida real. Ela traz de volta seu passado no Oriente, sua infância nos lugares agrestes, longínquos no tempo e no espaço, do outro lado do mundo. Assim, ela reconhece essa influência na vida afetiva e emocional das personagens. (DURAS, M. et PORTE, M. 1977) Seu romance Le Vice-Consul, publicado em 1967 e traduzido no Brasil em 1985, apresenta uma personagem que se torna a “célula geradora” de outras obras. A técnica narrativa peculiar que caracteriza esse romance inquieta e instiga o leitor. O percurso imenso e impossível, descrito por essa personagem o conduz às Índias misteriosas. A natureza majestosa, inóspita ou acolhedora, coaduna-se sempre com o destino da personagem: perder-se na fome e na solidão e finalmente na loucura. A história principal da Embaixatriz e do Vice-Cônsul e dos “brancos não aclimatados” também se desenrola em Calcutá. Após percorrerem tortuosos caminhos até essas terras distantes, eles se movem num espaço reservado, exíguo, luxuoso, mas abafado e opressor. Desta forma, entrelaçam-se as narrativas e as personagens possibilitando-nos perceber a significância do romance (BARTHES, 1973: 101). Bachelard nos ensina sobre a poética dos espaços que, correspondendo ao estado psicológico das personagens, nos permite decifrar um tanto de hermetismo do romance (BACHELARD, 2008). Assim, esses territórios transformam-se em espaços literários no sentido conferido por Blanchot, à medida que coincidem com “o movimento da própria palavra” e revelam a “profundidade e a vibração” da escrita (BLANCHOT, 1955: 183) de Duras. Neste trabalho examinaremos o elemento espacial em Le Vice-Consul e mostraremos que os percursos das personagens coincidem com as trajetórias da mulher e da escrita da autora: “Elle marcherait, et la phrase avec elle” (DURAS, M.,1967: 180 ).