Resumo |
A observação de aulas, materiais didáticos e de documentos oficiais, assim como a leitura de textos teóricos de Literatura, Estilística e Retórica, tem nos trazido o seguinte questionamento: qual é o lugar atual das figuras de linguagem, figuras de estilo ou, ainda, figuras de retórica (metáfora, metonímia, antítese, eufemismo, entre outras) no ensino fundamental II e no ensino médio?
Apesar de a Retórica não configurar mais uma disciplina do currículo, as figuras de linguagem parecem ter se configurado como os guardiões da elocutio, responsável pela forma do discurso e pelos ornamentos de linguagem. Discutindo tal tópico, o Grupo µ (DUBOIS et al., 1980) observa que, com o passar do tempo, partes importantes da retórica migraram para o campo das outras disciplinas e, de redução em redução, teve lugar uma sinédoque histórica do todo pela parte, e o nome retórica passou a significar somente elocutio. Parece que processo redutor não se deteve nesse ponto, pois a elocutio passou a ser compreendida como teoria dos tropos, e estes têm sido reduzidos à dupla metáfora-metonímia, protagonistas a partir de Jakobson e outros estudiosos que nela veem uma dicotomia fundamental no universo da significação, quando, na verdade, nem todo tropo conduz unicamente à metáfora. Ou seja, parece que o plano da expressão passa a sobressair ao do conteúdo, achatando-se o conceito de discurso.
Segundo Mosca (2004), o estilo é parte da elocutio, uma vez que nela são feitas as escolhas no plano da expressão para que haja harmonia entre forma e conteúdo. Segundo a autora, com o Grupo µ, o estatuto das figuras de linguagem é revisto, principalmente pela reformulação na abordagem do assunto, na qual as figuras de retórica passam a ser examinadas como figuras de discurso e não como figuras de palavras ou construções. Tornam-se, portanto, figuras de texto, por desempenhar um papel na produção geral de sentido, ou seja, contribuem para a construção de sentido.
Dialogando com tais autores, fundamentalmente, investigaremos, por meio do presente estudo, como estão sendo apresentadas, na atualidade, as figuras de linguagem em aulas, materiais didáticos de EFII e EM e nos currículos oficiais do município e do Estado de São Paulo. |