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Programação do 61º seminário do GEL


61º SEMINáRIO DO GEL - 2013
Título: A manifestação da emoção na fala: estudo perceptual entre o português e o inglês
Autor(es): Daniel Oliveira Peres. In: SEMINÁRIO DO GEL, 61 , 2013, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2013. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Fontica,Entoao,Percepo
Resumo Este estudo piloto tem como objetivo analisar a manifestação das emoções na fala por meio de análise de produção e percepção da entoação. Essa abordagem tem como foco a universalidade da manifestação das emoções nos seres humanos, tratada de forma pioneira por Darwin (1872[2012]). Estudos sobre o português realizaram análise da entoação em fala teatral (Colamarco e Moraes, 2008; Vassoler, 2011). Os estudos que se dedicaram a tratar da fala emotiva entre línguas diferentes (Scherer , 2000; Scherer et al. 2001) também utilizaram a fala teatral nos experimentos conduzidos. Entretanto, neste estudo, pretende-se utilizar trechos de fala espontânea, pois podem refletir com mais fidelidade a expressão das emoções na fala sem que haja comportamentos estereotipados por parte dos falantes (Roberts, 2011). Para análise, foram selecionados 32 trechos de fala em português brasileiro, produzidos por falantes distintos e divididos igualmente em emoções primárias (jamesianas): raiva, medo, alegria e tristeza. A análise de produção, feita com a utilização do aplicativo ExProsodia, baseou-se na avaliação de 20 parâmetros analisados na produção da entoação. Uma análise de agrupamento baseada nesses parâmetros (tom médio, dispersão de F0, intensidade, pausas etc.) demonstrou que essa análise é satisfatória para a distinção das emoções, pois houve agrupamentos que espelharam a classificação predeterminada para cada uma das emoções. Esses mesmos trechos foram utilizados no teste perceptual, no qual 8 falantes, 4 brasileiros e 4 ingleses, ouviram os 32 trechos de fala emotiva em português de maneira aleatória, tendo como tarefa julgar quais emoções estão em questão. Os brasileiros, como esperado, tiveram um bom desempenho (90% de acertos), enquanto os ingleses tiveram um desempenho mais baixo (66% de acertos). Como observação preliminar, há algumas informações acústicas que ambos participantes, brasileiros e ingleses, compartilham para o reconhecimento das emoções (variação de F0, intensidade e qualidade vocálica, por exemplo), mas há uma série de outras características que acabam pesando na escolha dos falantes nativos, por exemplo, o léxico. Nos julgamentos dos ingleses, observou-se que os erros tiveram uma regularidade, sendo caracterizados por equívocos entre raiva e alegria, medo e tristeza. Os poucos erros por parte dos informantes brasileiros também demonstraram a mesma tendência, condicionados, em sua maioria, às emoções depressoras (medo e tristeza) e às estimulantes (raiva e alegria). Este estudo aponta uma regularidade nos julgamentos que poderá ser confirmada ou não com a ampliação dos participantes dos experimentos de percepção e com a manipulação dos parâmetros responsáveis pelo reconhecimento das emoções.