Resumo |
O presente estudo tem como objetivo analisar uma crônica de Luiz Fernando Veríssimo, intitulada Nobel, e apontar traços de oralidade presentes no discurso. Dentro das perspectivas a serem examinadas, o objetivo é mostrar que fala e escrita são complementares e apresentam uma constância de aproximações, embora cada qual tenha sua especificidade. Torna-se, assim, plausível afirmar que conforme estudos, a língua escrita não é pura transcrição da fala. No entanto, a pergunta que se faz é: pode o discurso representar aspectos próprios de conversação face a face? A justificativa para esse estudo se dá por perceber, como professora de Língua Portuguesa, que muitas vezes trechos escritos em desconformidade com as regras gramaticais é que são considerados como aspectos da oralidade. Portanto, o problema levantado é: há possibilidade de escrever um texto com marcas de oralidade e priorizar nesse discurso outros elementos, além dos chamados erros gramaticais, que remetem o leitor aos marcadores conversacionais? O estudo pretendido traçará a trajetória histórica da fala e da escrita e as tendências perpassadas até o presente momento, fará uma breve inserção sobre o gênero crônica e, por fim, a análise do texto. Pretende-se, assim, comprovar que fala e escrita possuem suas especificidades e ambas não podem ser mais vistas com discrepância e suas possíveis acentuações de superioridade também devem ser desconsideradas. Afinal, fala e escrita podem ser complementares e manter constâncias de aproximações, sem, no entanto, haver menosprezo ou marginalização de uma em detrimento à outra. Para embasar tal estudo, pretende-se usar como principal quadro teórico-metodológico estudos desenvolvidos por Marcuschi, cujos pressupostos fomentam que hoje, para se fazer uma observação consistente entre fala e escrita, é preciso considerar suas semelhanças e diferenças dentro das perspectivas das práticas sociais. Além disso, pretende-se comprovar, através de trechos da crônica escritos em desconformidade com as regras gramaticais, que eles não foram os únicos que garantiram uma aproximação com a oralidade, mesmo porque muitas vezes podem se mostrar, inclusive, em menor recorrência diante de outros fatores.
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