62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Midium e cenografia na constituição da paratopia criadora |
Autor(es): | luciana salazar salgado. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | paratopia criadora, paratopia criadora, cenografia |
Resumo |
Considerando os fundamentos da análise do discurso de tradição francesa, apresentaremos parte de uma pesquisa sobre mediação editorial, que tem sido desenvolvida a partir de conceitos recentemente propostos pelo linguista D. Maingueneau: a descrição das cenas da enunciação permite uma abordagem da maquinaria discursiva, com base na qual se pode entender a paratopia criadora, um estudo do funcionamento da autoria diretamente ligado aos ritos genéticos, costumes e hábitos não-escriturísticos que afetam a produção autoral, e ao midium, conjunto de mediações que inclui técnicas e práticas definidoras de instituições, legitimadoras de discursividades. Trata-se de pensar os materiais editoriais como objetos técnicos que põem discursos em circulação, sendo eles mesmos produzidos e condicionados por discursos, um redobramento que pode ser estudado em termos de polo de criação e polo de recepção, de modo que a cadeia criativa e a produtiva, ainda que imbricadas, sejam examinadas em suas diferenças, assim como em sua relação com a difusão e o consumo, isto é, com o modo como os meios e os materiais em que se inscrevem os textos configuram variadas leituras e trocas entre leitores. A noção de paratopia criadora está ligada às discussões sobre autoria e, portanto, sobre o estatuto do sujeito na linguagem, trata-se de entender como funciona esse “impossível lugar” que se constitui na trama interdiscursiva: formado pela ocupação instável de três instâncias unidas em um nó borromeano, esse lugar paralelo, que existe na medida em que põe em questão o real, é feito de traços da pessoa, do escritor e do inscritor, apreensíveis em indícios e rebatimentos entre instâncias. Nesta altura da pesquisa, propomos um deslocamento da problemática do sujeito para a investigação do objeto, entendendo-os como correlatos e instituídos na reciprocidade. Da semiologia dos objetos, notadamente as questões levadas a cabo por J. Baudrillard nos guiam nesse deslocamento, que favorece a investigação sobre os objetos discursivos; neste caso, especificamente objetos discursivos editoriais. Essa reflexão apoia-se, aqui, no exame de um caso que talvez se possa referir como transmidium: o colunista de uma revista semanal trabalha com uma cenografia ficcional que ultrapassa os gêneros típicos desses periódicos; a certa altura, passa a produzir um site como obra derivada, o que amplia enormemente a recepção de seus escritos; finalmente, publica em livro impresso uma seleção que, nesse formato, o consagra como autor. |