62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Contribuições de Bakhtin para análise da emergência de condutas opositivas e o papel da prosódia |
Autor(es): | Angelina Nunes de Vasconcelos, Ester Mirian Scarpa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | aquisição linguagem, aquisição linguagem, prosódia |
Resumo |
Este trabalho focaliza a emergência precoce dos signos opositivos buscando, no período pré-verbal, antecedentes das ações verbais que podem ser posteriormente reinterpretadas e estruturadas como marcas linguísticas da gramaticalização e lexicalização de expressões de sentido opositivo (entre os quais, negação, contraposição, concessividade). Destacam-se, mais especificamente, aspectos prosódicos da fala dos interlocutores infantis, objetivando compreender como tais aspectos possibilitam o acesso da criança à língua. Nessa direção, a perspectiva bakhtiniana surge como aporte teórico que será adotado nesta investigação (Bakhtin, 1997; Bakhtin & Volochinov, 2009). No que diz respeito especificamente à “entonação” (que é o termo usado por Bakhtin para denotar uma variedade de elementos prosódicos e paralinguísticos), é possível formular algumas interpretações a partir da perspectiva bakhtiniana: Primeiramente, a entonação pode ser compreendida como lugar da materialização, da corporificação da ideologia (orientação ideológica) no material semiótico. Nessa direção, a entonação é compreendida enquanto traço constitutivo do enunciado, materializando a posição axiológica específica do locutor, seu acordo/desacordo e apreciação/crítica com relação àquilo que enuncia (Voloshinov, 1997; Budnova, 2009). No que diz respeito especificamente ao desenvolvimento, a entonação marcaria a alteridade da palavra-alheia assimilada pela criança em desenvolvimento. Ao longo desta assimilação, a palavra seria reacentuada, adquirindo a marca da posição axiológica do falante, transformando-se em palavra-própria (Bakhtin, 1997, pp. 294-295). Adicionalmente, é possível atribuir sentido metafórico à entonação nas construções de Bakhtin. Nesta direção, a entonação não seria referida somente em sua materialidade sonora, mas como lugar de encontro, como memória semântico-social depositada na palavra (Dahlet, 2005). O sujeito em desenvolvimento, nesta perspectiva, não é nem o sujeito cognoscente - fonte dos sentidos, nem assujeitado por uma ordem da língua, mas um sujeito situado que se constrói na interação. Fundamentando-se nesta perspectiva de sujeito e discurso, pretende-se investigar o papel da prosódia da fala adulta dirigida à criança na gênese de condutas de oposição infantil. Para tanto, insere-se na tradição metodológica do Estudo de Caso, através da análise dos registros videográficos produzidos com duas crianças (Pedro e Lara, nomes fictícios) a partir da quarta semana até o primeiro ano de vida de cada uma delas. As videogravações foram produzidas em situações familiares do cotidiano infantil, abarcando situações de banho, alimentação e brincadeiras. São adotadas perspectivas macro e microgenética de análise (Granott & Parziale, 2002). |