62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | O desafio da coragem na constituição do herói: Odisseu e Roseno |
Autor(es): | ROSANA CRISTINA ZANELATTO SANTOS. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Herói, Herói, Literatura Comparada |
Resumo |
Se o herói clássico das epopéias homéricas, além de pertencer às castas superiores, não poderia morrer sem demonstrar sua bravura em batalhas e em outros desafios, nem padecer insepulto sob o céu, deixando suas histórias como matéria poética hierarquizada, o herói moderno, tendo por vezes origem socioeconômica desconhecida, atravessa céus e terras, enfrentando agruras cotidianas e misteriosas, sob a inclemência não somente do sol, mas sobretudo de sua inquietude, de seu dever e de seu medo. Ambos os heróis têm coragem, porém discutimos se ambos a desenvolvem como virtude, isto é, como uma firme disposição e sem o aguardo de recompensas para fazer o bem, o que não os exime de sentir medo. A coragem é uma inquietude, posto que contém em si a bravura e o medo: não existe uma bravura, nem um medo absolutos. O percurso histórico que separa o herói clássico, aqui configurado por Odisseu, de A Odisséia, de Homero, do herói moderno, personificado por Roseno, de Meu tio Roseno, a Cavalo, de Wilson Bueno, apresenta-se repleto de idas e vindas, no entanto um ponto salta a nossos olhos: a experiência de viver com coragem. A vida afirma-se na própria vida e na morte: o herói sabe que o que vive não durará para sempre, afinal, a finitude marca a existência do homem na terra. O herói corajoso-virtuoso entrega-se ao caminhar, sabendo que o valor de seus atos não precisa ter ressonância externa, e sim halos internos, fazendo-o crescer não em duração ou em valoração, mas em uma plenitude que o preparará para o seu fim. O que importa na vida do herói-virtuoso é escolher, entre aquilo que o circunda, a defesa do bem como valor ético. Assim, ao examinarmos os percursos de Odisseu e de Roseno e compará-los, poderemos demonstrar que a coragem do primeiro não é uma virtude e a do segundo o é. |