62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
---|---|
Título: | Propriedades sintáticas dos advérbios altos |
Autor(es): | AQUILES TESCARI NETO. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Sintaxe Gerativa , Sintaxe Gerativa , Cartografia |
Resumo |
Advérbios altos (ou sentenciais) podem aparecer em diferentes posições: (1) Provavelmente o Brasil (provavelmente) ganhará (provavelmente) a Copa do Mundo. O seu posicionamento entre V e o DP-complemento (“ganhará provavelmente a Copa...”) é bastante problemático às teorias formais, segundo as quais 'provavelmente' ocuparia uma posição alta em IP (Jackendoff 1972). Esse aparente problema decorre do fato de não se poder derivar esse posicionamento pelo simples movimento do V por sobre 'provavelmente', dada a agramaticalidade de (2): (2) *O João mente provavelmente. Se AdvPs altos não podem aparecer em posição final de frase (2) – salvos os casos em que estão prosodicamente marcados – seria correto dizer que o movimento de V acima deles não é possível. Como então derivar “ganhará provavelmente a Copa...”? Como explicar o fato de um AdvP dito sentencial tomar por escopo, em uma das duas leituras possíveis em PB para “ganhará provavelmente a Copa...”, apenas o DP-complemento (1a)? (1a) O Brasil ganhará provavelmente a Copa do Mundo, não a Copa América. Assumindo o Programa Cartográfico (Cinque 1999) e a teoria de Kayne (1998), mostro que os rótulos advérbios sentenciais e de constituintes devem ser dispensados em favor dos rótulos (sintaticamente neutros) advérbios altos e baixos, que simplesmente fazem alusão à posição que ocupam na estrutura. Uma vez que escopo é atribuído derivacionalmente (Kayne 1998) e uma vez que advérbios estão fixos na estrutura (Cinque 1999), a observação de que um AdvP alto pode tomar por escopo apenas o DP-complemento (1a) nos leva a concluir que o que conta é a posição do advérbio, uma vez que o constituinte sob o seu escopo é que se move para ser modificado. Uma série de propriedades sintáticas confirmam a hipótese hierárquica e colocam de um lado AdvPs altos e de outro AdvPs baixos: 1. AdvPs altos não podem aparecer em posição final (2) a menos que de-acentuados (ao passo que AdvPs baixos podem (3)): (3) O João mente sempre. 2. O constituinte sob o escopo de um AdvP alto não pode ser extraído (4), diferentemente daquele associado a um AdvP baixo (5): (4) *O que o Brasil ganhará provavelmente t? (5) O que o Brasil ganha sempre t? 3. AdvPs altos não podem jamais ser recuperados pelo VP-elíptico (6a), diferentemente de AdvPs baixos (6b): (6) O João come provavelmente/sempre arroz e a Maria também come [-]. a. [-]: *provavelmente arroz. b. [-]: sempre arroz. |