62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Consoantes fricativas: um estudo das relações entre letras e sons na lírica medieval Galego-Portuguesa |
Autor(es): | Mariana Moretto Gementi. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Consoantes fricativas, Consoantes fricativas, Português Arcaico |
Resumo |
O principal objetivo deste trabalho é estudar as fricativas (sibilantes e chiantes), a partir das relações existentes entre letras e sons, e as possíveis grafias nas cantigas medievais. Serão focalizados fonemas representados pelos grafemas “s”, “z”, “x”, “c”, “ç”, “sc”, “ss”, “j”, “g”, em início, meio e fim de palavra. Ou seja, pesquisaremos se, naquele momento, os processos de neutralização das fricativas existiam ou não no português. O ineditismo do estudo das rimas como pista da realização fonética dessas consoantes na época é a parte mais importante do trabalho, pois, apesar de o período arcaico já ter sido tratado em diversas gramáticas históricas, há poucas informações nessas gramáticas sobre o estudo das fricativas. Com esta abordagem, é possível obter pistas satisfatórias sobre a realização fonética dessas consoantes em um momento passado da língua, quando não havia gravação de linguagem oral, mas apenas documentos escritos. Para a realização desta pesquisa, elegemos as cantigas medievais galego-portuguesas, como corpus. Destas, serão selecionadas 50 CSM (Cantigas de Santa Maria), das 420 cantigas em louvor da Virgem Maria, de autoria de Afonso X, o rei Sábio, e 150 cantigas profanas, sendo 50 cantigas de amigo das 510 existentes; 50 cantigas de escárnio e maldizer das 431 existentes e 50 cantigas de amor das 310 existentes. A escolha de textos poéticos como corpus desta pesquisa deve-se ao fato de que, por meio da análise das rimas, é possível obter pistas satisfatórias sobre a realização fônica de vogais e consoantes em momentos passados da língua, dos quais não se têm registros orais. Nesta pesquisa, optou-se por trabalhar com as cantigas religiosas, em comparação com as profanas, porque estudos revelam que as CSM, em termos de léxico e de rima, são mais ricas do que as cantigas profanas (cf. Leão, 2007, p. 152-153), embora as profanas, especialmente as de escárnio e maldizer, também apresentem uma maior riqueza de temas e de léxico, quando comparadas com as de amigo e de amor (cf. Massini-Cagliari, 2007). O quadro teórico metodológico baseia-se na observação da possibilidade de variação gráfica na representação das consoantes e na consideração da possibilidade de rima entre essas palavras específicas para determinar sua possível realização fonética naquela época. |