62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Contradição e antagonismo no/ pelo discurso urbano |
Autor(es): | MARCIO JOSÉ DE LIMA WINCHUAR. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Rememoração/comemoração, Rememoração/comemoração, Espaço urbano |
Resumo |
Este trabalho é um recorte de nossa dissertação de mestrado, em andamento, a qual busca analisar um conjunto de nomes de ruas que constituem o espaço urbano da colônia alemã de Entre Rios, em Guarapuava-Pr. Esse espaço constitui-se na tensão entre uma memória estrangeira (alemã) e outra nacional (brasileira), que se materializa de diferentes formas e pode ser analisada do ponto de vista social, cultural e linguístico. Pelo viés social e cultural, observamos a ocorrência de uma divisão do espaço urbano mediante as designações “colônia dos alemães” (zona urbana) e da “vila dos brasileiros” (zona marginal ou periférica). Na zona urbana, ressalvamos a existência de traços de uma memória germânica, por meio de nomes de ruas, placas monumentais, nomes de praças, nomes de estádios de futebol, arquitetura urbanística, comemorações culturais. Paradoxalmente, a zona periférica, denominada pelos sujeitos como “vila dos brasileiros”, é formada por espaços em que a arquitetura, os costumes, os nomes de ruas, as tradições culturais, entre outros, distanciam-se de uma memória germânica e aproximam-se do nacional. Pela esteira linguística, vale destacar a visibilidade da língua alemã ao lado da portuguesa em diversas materialidades espalhadas pela colônia. O exposto marca a existência de um “confronto” presente em Entre Rios e que nos instiga a buscar compreender como isso se significa por meio do simbólico. Para tanto, ancoramos nosso trabalho nos pressupostos teóricos da teoria da Análise de Discurso, de orientação francesa, pautados nos estudos desenvolvidos por Pêcheux (2009) e empreendimentos de Orlandi (2003, 2005), bem como (Venturini, 2009), a partir de estudos que versam os sujeitos, os discursos e a urbanidade, sendo que estes não podem ser pensados de forma isolada, uma vez que lugares e sujeitos dividem espaço e um é “constitutivo” do outro. Por esse enfoque, tomamos como materialidade de análise, dois nomes de ruas, dos quais um pertence ao “lado alemão” e outro ao “lado brasileiro”, para compreender como se dá essa divisão por meio da rua na/pela linguagem. É importante frisar que do lado alemão a maioria dos nomes estão em placas monumentais e trazem, também, discursos que retomam a história da colonização “alemã”. Como se observa, os nomes discursivizados não funcionam apenas como indicadores de endereçamento, mas sim, como mecanismos interdiscursivos que rememoram/comemoram de um lado, sujeitos e acontecimentos que retomam o nacional e, de outro, o estrangeiro, instaurando a contradição, dada por uma memória local e uma memória outra. |