62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Corpo, imagem e blend: da experiência diária para a construção da linguagem |
Autor(es): | Antônio Suárez Abreu. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | blend, blend, corporificação |
Resumo |
O objetivo deste trabalho é fornecer uma breve atualização de três de tópicos da Linguística Cognitiva que servirão de base para este simpósio, propondo a) que, em qualquer situação interdiscursiva, o enunciatário procura simular o que foi dito ou escrito, criando imagens a partir de sua perspectiva corporal e b) que o processo de “blend” exerce importante papel tanto na formulação de um texto quanto em seu entendimento. Vejamos um título de matéria: Criminalidade e pobreza não andam necessariamente de mãos dadas. Temos aqui não apenas o uso de partes do corpo humano, mas também o fato de que elas materializam uma ação de contato estreito entre duas pessoas (“link”). Segundo Berger (2012: 15), “When people read sentences, they construct visually detailed simulations of the objects that are mentioned.” A construção simulada, em um caso desses, cria a fusão metafórica (“blend”) de pobres e criminosos em uma só pessoa. Um dado importante é que ela é negada: não andam necessariamente de mãos dadas. Segundo o autor, quando alguém ouve ou lê uma sequência negada, simula mentalmente a cena contrafactual, ou seja, a cena descrita como não verdadeira. Se dizemos que uma faca não está afiada, nossa mente primeiramente simula a imagem de uma faca afiada, para, apenas depois, simular a imagem de uma faca cega. O autor da frase dissociando crime e pobreza consegue, portanto, materializar a compressão de crime e pobreza, por meio de uma imagem corporal, para fazer, em seguida, que ela seja negada na mente do enunciatário. O “blend”, entendido como a criação de um novo espaço mental desenvolvendo novos sentidos também se faz presente, como vimos. Trata-se de um processo inconsciente que constrói uma vasta rede mental, crucial tanto no entendimento do mundo e da cultura, quanto na criatividade humana. Fazemos esse tipo de mesclagem a todo momento de modo inconsciente. Segundo Turner (2014: 130) “Blending allow us....to compress diffuse extended mental webs into compact packages of meaning”. É o que acontece, por exemplo, no trecho: peixe de carne macia e rosada, parecida com a do salmão, a Piracanjuba, tem retornado aos poucos aos rio Tietê, Pardo... É claro que não se trata de um determinado peixe (como o Nemo do filme, por exemplo) que tinha desaparecido e que tenha dado o ar de sua graça nesse rios, mas da compressão (“blend”) de todos os peixes dessa espécie em um só. |