62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Monteiro Lobato interativo e o leitor infantil |
Autor(es): | Michelle de Souza Prado. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Monteiro Lobato, Monteiro Lobato, leitura imersiva |
Resumo |
Esta comunicação terá o propósito de apresentar um viés analítico sobre as novas plataformas que a literatura infantil, enquanto texto escrito, tem se manifestado a fim de alcançar as novas gerações de leitores. Para tanto apresentaremos a versão digital do primeiro livro para crianças de Monteiro Lobato, A menina do narizinho arrebitado (2011). Trata-se da versão interativa do título, lançado em 1920, para dispositivos móveis como iPads. Certamente, o surgimento de uma nova gama de leitores que não se contentam apenas com uma leitura contemplativa e canonizada, ou seja, possuir em mãos um signo imóvel, de movimento retilíneo, tem dado lume a estas outras formas de apresentações da narrativa textual. Trata-se de um leitor imersivo, virtual, capaz de seguir vários hiperlinks, nós e labirintos de uma única vez e que, desta forma, redefine a interface entre as formas materiais (impressa) e lógica (software do iPad), abrindo uma nova página na história da escrita e da leitura. Revisitar um Monteiro Lobato em pixels e pensarmos no novo estilo de leitor dá margem a vários estudos. O que aqui propomos é a análise de como os recursos do touch afetam a materialidade do texto e contribuem para a expansão de seu entendimento. “A materialidade do texto, o preto no branco do papel só se transformam em sentido quando alguém resolver ler”. (ZAPPONE, 2009, p.189). Se de um lado temos o signo verbal e visual, aliados ao continuum sonoro, os quais se compactam na plataforma, esperando o momento de pulular, saltitar, metamorfosear na frente de nossos olhos, fazendo com que esta nova configuração da rede de signos presente na obra de Lobato seja resgatada do Limbo, da necrose da memória, do outro temos, nada mais, nada menos, que uma questão mercadológica, ou seja, o fato de não deixar que a memória sobre o autor e obra se arrefeça, necessariamente, perpassa o público que compra. Segundo o sociólogo Sarmento, estes veios que os e-books ofertam devem ser explorados pois as crianças têm uma aptidão natural às TICs, “o e-ofício envolve e agrega a criança e o aluno na mesma identidade funcional”. (SARMENTO, 2011, p.595). São estas inquietações sobre o que Sarmento chama de e-ofício da criança e o arcabouço trazido pelo livro interativo que temos o interesse de debater. |