62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Cibercultura em cena: o amor nos tempos do virtual discursivizado no cinema |
Autor(es): | Jonathan Raphael Bertassi da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | discurso, discurso, amor |
Resumo |
A partir do referencial teórico da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, sobretudo o trabalho de Michel Pêcheux, este trabalho propõe investigar o imaginário sobre as relações amorosas vivenciadas pelo sujeito na contemporaneidade, marcada pela forte presença da cibercultura, tais como retratadas no discurso artístico evidenciado no cinema. Os longas-metragens selecionados para compor a pesquisa, representando heterogeneidade de países e gêneros cinematográficos, são: Apaixonado Thomas (Thomas est Amoureux, 2000); I’m a Cyborg, But That’s OK (Saibogujiman Kwenchana, 2006); A Garota Ideal (Lars and the Real Girl, 2007); Catfish (2010) e, finalmente, o argentino Medianeras (2011). Ao analisar o discurso cinematográfico, não buscamos sentidos passíveis de uma decodificação unívoca pelo sujeito-leitor, como se esse processo estivesse desvinculado do contexto sócio-histórico. Ao contrário, a AD vem mostrar como tanto na função de autor quanto na de leitor, o sujeito inscreve significados eivados de historicidade. Para analisar recortes das tessituras (inclusive audiovisuais) e teceduras dos filmes a partir das condições de produção da cibercultura, mobilizamos conceitos da AD sobre a linguagem no processo discursivo não-verbal. Na era do virtual, laços humanos começam e são encerrados com um clique, a sociedade de consumo apreendeu determinadas relações no ciberespaço, as ofertas de ‘cybersexo’ crescem à medida em que a demanda aumenta. Gerou-se uma pretensa conectividade entre elementos inconciliáveis, a aproximação e o afastamento, a solidão e o compromisso, a circulação maciça de informação com o silêncio e o anonimato, com a promessa de uma navegação pretensamente “segura” nessa difícil dialética. Porque a AD coloca-se como alternativa tanto ao formalismo quanto ao conteudismo, buscamos desfazer o falso dilema entre forma e conteúdo; assim, não se busca distinguir nem o aspecto formal nem o “conteúdo” do sentido, mas sim com a forma material, que é linguística e histórica. O discurso não é entendido como conjunto de textos, mas efeitos de sentido entre interlocutores. Como consideramos as condições de produção do sentido e as formações discursivas e ideológicas, a materialidade significante nos modos de produção dos sentidos também é passível de análise. A opacidade da linguagem não é característica apenas do verbal, portanto o discurso artístico pode ser compreendido em seu funcionamento nos processos verbal e não-verbal. Mobilizamos ainda o suporte de autores da sociologia (tais como Bauman e Lèvy) para compreender como o sujeito discursiviza(-se) na era do amor virtual. |