62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Orgulho de ser caipira: processo de subjetivação do sujeito caipira em músicas sertanejas |
Autor(es): | Maciel Francisco dos Santos. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Sujeito caipira (música sertaneja), Sujeito caipira (música sertaneja), Memória discursiva |
Resumo |
Com base na Análise de Discurso de linha francesa, este trabalho visa mostrar que efeitos de sentidos o objeto discursivo caipira produz em letras de música sertaneja, partindo do fato de que o sujeito representado nas canções se autodenomina caipira. Essa autodenominação se dá através do processo de subjetivação do sujeito que se identifica com o campo e com os aspectos da cultura caipira. Dessa forma, a subjetividade trabalha o orgulho do sujeito em se constituir caipira, evidenciando características que o tornam assim. Nesse processo, a memória discursiva de um estereótipo do homem do campo, como o produzido pela figura do Jeca Tatu, entra em jogo, fazendo com que se estabeleça um embate entre o rural e o urbano. Ao se autodenominar caipira, o sujeito, que mesmo estando inserido em uma discursividade caipira, não deixa de ser atravessado por uma discursividade urbana que tende a depreciar a imagem do homem do campo. Isso decorre de um processo ideológico no qual as formações imaginárias buscam colocar campo e cidade como lugares diferentes e opostos, sendo que o urbano marginaliza o rural. Por isso, o orgulho de ser caipira nas canções aparece como uma forma de resistência, buscando afirmar a valorização de um tipo humano menosprezado na discursividade urbana. Para estudarmos o funcionamento desse processo de subjetivação, falamos sobre a historicidade do termo caipira e sua relação com a urbanização do país, tendo como base teórica os estudos de Payer (1996, 2001, 2006). Esta autora nos ajuda a entender também como a noção de memória discursiva é importante para compreendermos os efeitos de sentido produzidos pelo termo caipira, uma vez que a autodenominação do sujeito caipira passa por sentidos do imaginário social produzidos por uma memória que estereotipa o homem do campo. Buscamos também, a partir de Althusser (1985) e Pêcheux (1997) compreender como a Ideologia age nesse processo de identificação do sujeito caipira, uma vez que a subjetivação não escapa do político e do ideológico. |