62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Categorias funcionais e lexicais no licenciamento de verbos de trajetória |
Autor(es): | Keli Cristiane Eugenio Souto. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Categorias funcionais, Categorias funcionais, verbos de trajetória |
Resumo |
Este estudo parte da análise de aspectos sintáticos e semânticos do verbo ‘ir’ de movimento no Português do Brasil (PB), conforme Eugenio (2004) e Souto (2012). Em relação à projeção da estrutura argumental, consideram-se os seguintes dados: (1) Maria foi *(ao zoológico)[1], (2) Maria já foi, (3) Maria se foi e (4) Maria foi embora. Assumo que esse verbo participa da classe dos inacusativos não prototípicos por apresentar em sua estrutura canônica dois argumentos (Tema e Locativo), embora seja possível omitir o argumento locativo quando traços formais relativos à ‘trajetória’ são licenciados pela categoria tempo na estrutura oracional ou pela categoria aspecto na estrutura do predicado, ou pela ocorrência de expressões adverbiais, associadas à perfectividade. Discuto também o estatuto de expressões ligadas a predicados associadas à denotação de circunstâncias, as quais se distinguem – semanticamente – de expressões que denotam entidades, inseridas na estrutura do predicado como argumentos, que, embora compartilhem com essas últimas a condição de serem obrigatórias na estrutura, ligam variáveis introduzidas pelo predicado. A análise contempla os PPs locativos partindo da distinção entre verbos de modo de movimento, correr e nadar, que apresentam em um mesmo lexema traços semânticos como ‘rapidez’ e ‘meio líquido’ e movimento; e verbos de trajetória inerente, ir e chegar, que especificam deslocamento no espaço e podem ou não especificar ponto de partida e ponto de chegada. Estudos realizados sobre os verbos de movimento, em especial os de trajetória, não apresentam a especificação de uma estrutura argumental que contemple os casos em que a sentença é licenciada sem argumento trajetória. Postulo, portanto, a existência de uma categoria funcional associada à noção de trajetória (T) projetada na estrutura de um PP associado ao VP desses verbos. Os dados apontam que a checagem pode ser estabelecida entre verbos de trajetória e uma categoria provida de traços dêiticos de localização espacial e/ou temporal, aqui, já; traço phi (φ) de pessoa, pronome se; e o aspecto perfectivo, pretérito perfeito. Para tanto, adoto como base o quadro teórico do gerativismo de Chomsky (1986, 1995), além de Talmy (2000), Morimoto (2001), Borer (2004), Fábregas (2007), Demonte (2011), entre outros. Por ser um estudo de interface, este trabalho contempla alguns pressupostos teóricos da semântica lexical apresentados por Cançado (2000) e a proposta de Jackendoff (1983, 1990) para verbos de movimento, apoiada no conceito de Estrutura Léxico-Conceptual (ELC). [1] Esta análise não considera ancoragem discursiva, apenas possibilidade de realização sintática. |