Programação do 62º seminário do GEL

O Português Brasileiro licencia construções em que sintagmas com interpretação adverbial podem aparecer encabeçados por uma preposição – ver (1), por um DP – ver (2), ou por um NP – ver (3) – exemplos retirados da internet.

(1) Greve dos caminhoneiros na semana passada traz reflexos na economia do Vale do Aço

(2) Eu fui ao cinema este final de semana

(3) Semana passada eu fui no cinema com a minha amiga

Sintagmas com interpretação adverbial temporal como em (1)-(3) são provavelmente os únicos que admitem alternância na presença/ausência de um PP ou DP. Sintagmas com interpretação adverbial modal - ver (4) - e locativa – ver (5) - não admitem que a preposição ou o DP sejam omitidos nos mesmos contextos em que se pode omitir a preposição e o DP nos sintagmas com interpretação adverbial temporal em (1)-(3).

(4) a. Na velocidade lenta João foi para casa / b.*A velocidade lenta/*Velocidade lenta João foi para casa – modal.

(5) a. Naquela loja o João vende DVD / b.*Aquela loja/*Loja o João vende DVD – locativo.

Partindo do Programa Minimalista Gerativista (Chomsky 1995), e explorando as nuances da proposta de Pesetsky & Torrego (2004), este trabalho propõe que preposições são um tipo de T(empo), podendo portar traços que desencadeiam processos de concordância – Agree. Seguindo Pesetsky & Torrego (2004), defendo que a estrutura core do PP é semelhante à estrutura core da oração (CP–TP–vP-VP versus TPprep-DP-nP-NP), havendo inclusive movimento entre as categorias do PP. Em cima disso, proponho que a diferença entre a possibilidade de opcionalidade da presença de um PP e de um DP em sintagmas preposicionados adverbiais com interpretação temporal e sua impossibilidade nos sintagmas preposicionados locativos e modais se dá na diferença de organização estrutural da estrutura core do PP entre elas, sendo que nas estruturas preposicionadas adverbiais temporais há o movimento e concatenação de Tprep para cima do DP – ver (6), e nas estruturas preposicionadas adverbiais e modais, Tprep é concatenado diretamente acima do DP – ver (7). Caso Tprep se não mova, como assumo para as estruturas em (3), o DP é marcado com Caso default – ver (8).

(6) [TP_prep [_DP D [TP_prep [_nP-NP N [_AP A]]]] – Tprep se move para cima do DP

(7) [TP_prep [_DP D [_nP-NP N [_AP A]]]]

(8) [_DP D K_default [TP_prep] [_nP-NP N [_AP A]]]] – marcado com Caso default