62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | “Isso é ‘de mais’”: uma abordagem linguística sobre grafias de hipersegmentação de palavras |
Autor(es): | Lilian Maria da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Hipersegmentação, Hipersegmentação, Abordagem linguística |
Resumo |
Nesta comunicação, apresentam-se os resultados de uma pesquisa de mestrado sobre hipersegmentações de palavras que são caracterizadas pelo emprego da fronteira gráfica (marcada por espaço em branco ou hífen) em posições não convencionalizadas pela ortografia, como “na quela” (naquela) e “ganha-se” (ganhasse). No estudo realizado sobre essa categoria de dados (FAPESP 2012/11869-5) foram descritas hipóteses linguísticas e a trajetória de um grupo escreventes dos quatro últimos anos do Ensino Fundamental (6º a 9º anos) em relação ao registro da palavra escrita. A partir dos resultados do trabalho, chegou-se às seguintes constatações: (i) as fronteiras de palavras marcadas além do esperado continuam a ser registradas por escreventes com mais anos de escolarização, embora esse registro diminui em função do tipo de palavra escrita que foi hipersegmentada e da extensão dos textos (medida pelo número de palavras) que os escreventes produziram ao longo dos quatro anos; (ii) as hipersegmentações foram realizadas, predominantemente, em palavras escritas que permitiram a relação da sílaba pretônica com alguma classe gramatical (por exemplo: “de pois” – correspondência do “de” com uma possível preposição); (iii) foram informações linguísticas de natureza prosódica e da própria escrita convencional que guiaram as grafias não-convencionais, indicando a relação que os escreventes fizeram entre enunciados falados e escritos; (iv) escreventes que se diferenciaram das tendências observadas para o grupo (tanto no número de ocorrências produzidas quanto das motivações dos dados) ancoraram-se em hipóteses linguísticas próximas das observadas nos primeiros anos da escolarização e, também, usam os recursos indicadores de palavras como modo de destacar os sentidos do texto. Toda a discussão desenvolvida esteve fundamentada em estudos sobre dados de segmentação não-convencional (CHACON, 2005; CAPRISTANO, 2003, 2007b, TENANI, 2010, 2011b) e em uma concepção de escrita heterogênea (CORRÊA, 2004). Com base nesses subsídios teóricos, defendemos que as hipersegmentações são um lugar importante de abordagem linguística e não apenas registros de “manifestações ‘imperfeitas’ de uma gramática ‘adulta’” (ABAURRE; FIAD e MAYRINK-SABINSON, 1997, p. 18). A organização dos dados se deu segundo o modelo de Fonologia Prosódica de Nespor e Vogel (1986). Sobre o córpus de investigação, esclarece-se que as hipersegmentações foram extraídas de textos de escreventes que, à época da produção, cursavam os anos finais do Ensino Fundamental em uma escola pública de São José do Rio Preto (SP). Os textos compõem um Banco de Dados constituído a partir do Projeto de Extensão Universitária “Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção Textual” (UNESP/IBILCE). |