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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A política da ressocialização no discurso sobre o adolescente em conflito com a lei
Autor(es): Raquel Ribeiro Moreira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Discurso político, Discurso político, ressocialização
Resumo

A partir das novas formas de tratamento do jovem e do adolescente em conflito com a lei, instauradas depois de 1990, ano da aprovação do Estatuto da criança e do adolescente, o objetivo das instituições de recuperação deste adolescente tem sido o de propiciar que ele cumpra seu papel social de sujeito que possui deveres e direitos, tendo uma nova oportunidade para que o adolescente possa tornar-se “ator social” sem recorrer à infração da lei, chamado de processo de ressocialização. A partir disso, o presente trabalho pretende investigar quais sentidos essa palavra movimenta no campo do jovem que infraciona. Para isso, analisaremos sequências discursivas extraídas de entrevistas tanto com funcionários de um centro de socioeducação do Paraná, como também com adolescentes ali internados. A pergunta que norteou as sequências discursivas aqui trabalhadas foi a seguinte: “Para quê, na sua opinião, serve o Centro de Socioeducação?”. As respostas a essa questão compõem o corpus de nosso trabalho. Outro ponto que nos chama atenção, ao tratar do termo ressocialização, é o funcionamento do prefixo –re nesta palavra: trata-se de um processo de retorno a um estado anterior ou a intensificação de uma situação já dada? Inserindo-se no campo teórico da Análise de Discurso Francesa, e mobilizando os conceitos de Formação Discursiva, Formação Ideológica e Imaginário Social, percebemos não ser possível classificar o prefixo –re de nenhuma dessas formas, ainda mais por observamos que o termo “ressocialização” constitui-se, politicamente, como um eufemismo na determinação da atuação e da responsabilização das instituições de atendimento ao menor de idade. Eufemismo fruto da cartilha do politicamente correto, que trabalha com o mascaramento do preconceito e da discriminação a partir da construção de um léxico que se pretende neutro e sem inscrições histórico-ideológicas, o que não passa de ficção, uma vez que não interfere na condição marginal que, frequentemente, persegue/perseguirá o adolescente institucionalizado.