62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Oscilações na segmentação gráfica ligadas ao registro da letra “A” |
Autor(es): | Cristiane Carneiro Capristano, taynara alcantara cangussu. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Aquisição da escrita , Aquisição da escrita , Segmentação |
Resumo |
Crianças em processo de aquisição da escrita oscilam entre o convencional e o não convencional quando precisam grafar a letra “a” em dois contextos específicos: (1) quando essa letra aparece em início de palavra ou (2) quando funciona como artigo definido no interior de sintagmas nominais. No primeiro contexto, ora segmentam de maneira convencional (por exemplo: “amigo”) ora isolam a letra “a” do restante da palavra, formando um caso de hipersegmentação (por exemplo: “a migo”). No segundo contexto, ora segmentam convencionalmente (por exemplo: “a menina”) ora juntam o artigo com a palavra ao lado, formando um caso de hipossegmentação (por exemplo: “acasa”). Partindo do pressuposto de que essa oscilação denuncia dúvidas por parte da criança sobre como segmentar, desenvolvemos esta pesquisa com o objetivo de levantar hipóteses a respeito de quais seriam os fatores linguísticos que estariam determinando o aparecimento de “erros” e “acertos” nos registros da letra “a” nos dois contextos mencionados. Fundamentados em estudos sobre a segmentação gráfica no processo de aquisição da escrita (dentre eles, destacam-se: ABAURRE, 1993, CAPRISTANO, 2007, CHACON 2005 e 2006, PAULA 2007 e TENANI, 2010), fizemos uma análise longitudinal e quanti-qualitativa dos casos em que a letra “a” aparecia tanto no início de palavras quanto no interior do sintagma nominal. O corpus utilizado foi constituído de 101 produções textuais elaboradas por duas crianças. Essas produções foram recolhidas no decorrer de quatro anos. Como resultados, no que tange à análise quantitativa, pudemos observar, dentre outras coisas, que a quantidade de hipersegmentações (ex: a migo) foi maior do que a quantidade de hipossegmentações (ex: agarota). Já no que diz respeito à análise qualitativa, percebemos que diversos fatores linguísticos atuam conjuntamente na ocorrência dessas segmentações não convencionais. Dentre eles, destacam-se o fonológico, o semântico e o morfológico. Quanto ao fonológico, observamos que os limites de pé e a mudança na pauta acentual podem ser fatores atuantes nos casos de hipersegmentação, bem como os limites de frase fonológica nos casos de hipossegmentação. Já no que tange ao aspecto semântico, observamos que ele pode atuar em casos idiossincráticos, como “a pare seu”, em que os blocos segmentados correspondem a palavras da língua. No que diz respeito ao morfológico, por fim, intrigou-nos o fato de a maioria das palavras hipersegmentadas pertencerem à classe dos verbos. |