62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Cartas paulistas e o uso de vossa mercê no século XVIII |
Autor(es): | Vanessa Martins do Monte. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | cartas, cartas, século XVIII |
Resumo |
A comunicação apresentará parte dos resultados da tese intitulada Correspondências paulistas: as formas de tratamento em cartas de circulação pública (1765-1775), defendida em 2013. Inicia-se com a apresentação filológica do corpus de estudo, um conjunto de cartas manuscritas da administração colonial em circulação pública, que foram escritas por paulistas durante o período de 1765 a 1775. Os documentos foram produzidos durante o governo de Morgado de Mateus na capitania de São Paulo. Por meio de pesquisas em arquivos públicos e privados, além de extenso exame em genealogias, foi possível a identificação de parte significativa dos remetentes das cartas. Assim, será apresentado um breve perfil social dos mesmos, a partir dos dados levantados. Trata-se, majoritariamente, de homens ligados às companhias de ordenanças e auxiliares, responsáveis pela defesa e manutenção da ordem nas vilas e cidades da capitania paulista. Apresenta-se, a seguir, uma proposta de categorização socio-profissional dos remetentes e destinatários das missivas, que se constituiu em um modelo eficiente para a análise linguística da escolha e do uso das formas de tratamento, a ser exposta no final da comunicação. Após a contextualização sócio-histórica, são apresentadas as análises codicológica e paleográfica das epístolas, enfatizando a gradação existente entre os níveis de habilidade com a escrita. Por meio da observação paleográfica dos manuscritos originais, nota-se que os autores das missivas, que possuíam patentes semelhantes na hierarquia militar, apresentavam graus de habilidade distintos. Além disso, discute-se a questão do desenvolvimento de abreviaturas em edições semidiplomáticas, sobretudo aquelas de formas de tratamento, que geralmente não aparecem desenvolvidas em documentos setecentistas. Delineia-se também, a partir da análise diplomática do corpus, a estrutura típica de uma carta da administração colonial à época, contrastando-a com as seções constitutivas prescritas por manuais epistolares em circulação na segunda metade do século XVIII. Por fim, é apresentado um estudo das formas de tratamento utilizadas pelos autores das missivas. Verifica-se que a forma preferencial é vossa mercê, que aparece abreviada em 100% dos casos. Esse fato contraria pesquisas da área, que apontam para a baixa frequência da forma vossa mercê em documentos setecentista de circulação pública e para o uso preferencial da forma em relações simétricas descendentes. O que se nota, no corpus em questão, é que tal forma de tratamento é bastante frequente e largamente utilizada em relações simétricas ascendentes. |