62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Produção audiovisual da intimidade: corpos e partos |
Autor(es): | Aline Fernandes de Azevedo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | corpo, corpo, videobiografia |
Resumo |
Trago para discussão, neste estudo, considerações teórico-analíticas sobre a produção audiovisual da intimidade, em particular sobre o modo como o corpo da mulher é formulado em vídeos biográficos em circulação na web e que retratam o momento do nascimento de uma criança. Estes vídeos se filiam ao Movimento pelo Parto Humanizado e circulam nas redes de sociabilidade, constituindo-se como prática audiovisual de exposição da intimidade na Web. Compreendemos as videobiografias como práticas mediadas pela linguagem audiovisual e pela materialidade digital. Seu estudo possibilita a reflexão sobre a pulsão escópica, teorizada por Lacan (2008). Nossa questão teórica específica consiste em perguntar sobre o lugar da pulsão escópica na organização/estruturação do laço social contemporâneo, já que Lacan coloca a pulsão escópica como paradigma da pulsão sexual. Embasamos nossas análises em um posicionamento teórico-político materialista que conceitua o discurso como efeito de sentidos entre locutores, conforme Pêcheux (1975). São os princípios da Análise de Discurso que fundamentam nossas reflexões acerca do discurso audiovisual, e nos amparam na compreensão do corpo como objeto paradoxal. Ocupamo-nos, pois, da análise discursiva da determinação histórica dos processos de significação do corpo e do parto, ou seja, do exame do corpo da mulher como lugar de inscrição da ideologia e do inconsciente, sem denegar o real da história como determinante nesta relação de sentidos. Partiremos, assim, de considerações sobre as configurações sócio-históricas da prática de expor o corpo e o momento de parturição na web, procurando compreendê-la como uma injunção à visibilidade corporal, e relacionando-a às formas de presença do corpo da mulher no espaço público. Levando em conta que, para a Análise de Discurso, a materialidade da ideologia é o discurso, procuramos compreender os sentidos de onipotência, completude, unidade e universalidade que se produzem para os corpos das mulheres na discursividade dessas videobiografias, e que regulam, normatizam e normalizam seu lugar social como procriadoras/genitoras, uma vez que reafirmam sua autonomia e responsabilidade no momento do parto e na relação com as crianças. Nesta direção, procuramos verificar se essa produção audiovisual da intimidade pode ser nomeada como uma forma de empoderamento feminino, de dar poder à mulher-mãe, mesmo que por vezes essa discursividade produza a naturalização de uma suposta equivalência entre mulher e mãe, ou seja, imputa um lugar “natural” de mãe às mulheres em nossa formação social. (Apoio: Capes PNPD) |