62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Do sujeito transtornado ao corpo transformado |
Autor(es): | Newton Guilherme Vale Carrozza. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Corpo, Corpo, Midia |
Resumo |
É possível, pela Análise de Discurso proposta por Michel Pêcheux e seus desdobramentos no Brasil a partir de Eni Orlandi, estabelecer algumas relações que demonstrem como uma forma capitalista de sujeito se materializa através daquilo que circula na mídia. Nessa perspectiva, coloca-se a possibilidade de analisar como a mídia produz sentidos que possibilitam aos sujeitos praticarem seus modos de identificação, dentro de um funcionamento determinado pela forma-sujeito-histórica contemporânea. Pensamos nas formas como o corpo é apresentado na mídia e como isso afeta a relação do sujeito com seu próprio corpo, tomado, de saída, como a própria materialidade desse sujeito. Uma relação que toca na ideologia e que produz, socialmente, um imaginário que caminha na direção de ideal de beleza (in)atingível. Cada vez mais, os profissionais da mídia vêm utilizando ferramentas tecnológicas que possibilitam alterações em imagens, geralmente utilizadas para circulação, seja em anúncios publicitários, em matérias jornalísticas ou ainda em programas de entretenimento. Algumas observações já nos permitem considerar de antemão que determinadas manifestações se mostram como “sintomas” desse processo, como é o caso dos programas de televisão ao estilo “reality shows” que propõem ao participante uma “transformação radical” em sua aparência, a exemplo dos estrangeiros “Extreme Makeover” e “The Swan” e dos nacionais “Arruma meu Marido” e “Arruma minha Esposa”, exibidos pela Record e “Super transformação”, inserido no programa TV Xuxa, da Globo. Partimos da compreensão proposta por Orlandi (2012) que pensa o corpo não como corpo empírico, “mas como corpo em sua materialidade significativa enquanto corpo de um sujeito.” (idem, p. 85). Nessa linha de pensamento, a autora propõe refletir sobre a relação entre corpo e ideologia, partindo do principio de que “o corpo do sujeito está atado ao corpo da cidade, ao corpo social.” (idem, p. 86). Dentro dessa perspectiva, este estudo procura refletir sobre as formas desse discurso e como se textualizam no corpo do sujeito, numa espécie de organização cerceada por um imaginário que determina um certo “padrão". Para este trabalho em específico, apresentamos uma análise de um episódio do Programa “Extreme Makeover”, que propõe a transformação de uma garota com uma certa deficiência facial. Buscamos, assim, analisar os modos como os sujeitos lidam com a ideologia e o imaginário na sua relação com o corpo, principalmente naquilo que podemos chamar de “busca pela perfeição”, como parte de uma formação ideológica capitalista, que produz, no seu interior, um sujeito pragmático como resultado (ORLANDI, 2001). |