62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Formulação como ferramenta para apurar crimes e mediar situações em conflito nos interrogatórios policiais de uma delegacia da mulher |
Autor(es): | Priscila Júlio Guedes Pinto. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Delegacia da Mulher, Delegacia da Mulher, Formulação |
Resumo |
Esta apresentação tem o objetivo de investigar as práticas de formulação de um inspetor de polícia durante a realização de suas atividades institucionais, desempenhadas na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Mulher. O referencial teórico baseia-se na literatura de formulação apresentada por Garfinkel e Sacks (1970) e Heritage e Watson (1979). Garfinkel e Sacks (1970) definem as formulações como “as práticas dos interlocutores de dizer em tantas palavras o que estamos fazendo”, o que inclui as atividades de resumir, parafrasear e recontextualizar. De acordo com esses autores, formular uma conversa ou parte dela consiste em tornar explícito para o outro o entendimento sobre o que foi dito anteriormente ou sobre o que está acontecendo naquele momento da interação. Nesse sentido, a formulação é um trabalho reflexivo dos membros sobre os sentidos da conversa em que estão envolvidos, ou melhor, essa prática é um método usado pelos membros para demonstrar que a conversa tem sido “autoexplicativa” (HERITAGE; WATSON, 1979, p. 123). Além do seu caráter reflexivo, a prática da formulação é uma ferramenta útil para o estabelecimento da intersubjetividade, pois ao formular alguma informação mencionada anteriormente na conversa, os interagentes mostram o seu entendimento mútuo sobre aquilo que foi dito ou feito. Assim, pode-se dizer que a formulação é um fenômeno interacional entendido como uma prática utilizada pelos interagentes de uma conversa que demonstram uns para os outros a sua compreensão do que está acontecendo naquela conversa ou das ações que estão sendo realizadas nela. A partir da análise de exemplos extraídos de interrogatórios policiais distintos, apresentam-se tanto os tipos de formulações feitas pelo inspetor de polícia quanto as funções delas nos momentos em que ele desempenha suas atividades profissionais: a apuração de crimes e a mediação de situações em conflito. A análise dos dados evidenciou que as formulações usadas pelo policial se assemelham quanto aos tipos, mas se diferenciam quanto às funções. Esta pesquisa configura-se como qualitativa e baseia-se na Etnografia, bem como nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Interacional, com ênfase na análise sequencial da Análise da Conversa Etnometodológica (ACE). |