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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Verbos transitivos finitos e não finitos nos contextos de formação do acusativo preposicionado do português clássico: mudança na diacronia
Autor(es): Alba Verona Brito Gibrail. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave acusativo preposicionado, acusativo preposicionado, mudança na diacronia
Resumo

Apresenta-se, nesta comunicação, o resultado parcial da pesquisa dos contextos de formação do acusativo preposicionado no português clássico, desenvolvida junto ao projeto temático “A Língua Portuguesa no Tempo e no Espaço: contato linguístico, gramáticas em competição e mudança paramétrica”, financiado pela FAPESP e dirigido pela Profa Dra Charlotte Marie C. Galves; cujos dados foram levantados do corpus eletrônico com anotação sintática do Tycho Brahe. A pesquisa revela que o acusativo preposicionado é realizado em contextos de sentenças raízes e/ou dependentes com verbos finitos, com sujeito expresso e/ou não expresso:

1) Guiavam ao Arcebispo a abadessa ou regente e outra religiosa, (L. de Sousa, séc. 16)

2) e lhe disse: sabey que vi ao vosso santo, animado, e passando os olhos pelas freiras (M. do Céu, séc. 17)

E também com verbos não finitos:

3) queria matar a ElRey, para cazar como Papa ( M. do Céu)

4) e tomando por companheiros aos Padres Francisco Vellozo, António Ribeiro, e Manoel de Souza, partiu com tanta consolação, e ardor, (A. de Barros, séc. 17)

Ainda que o acusativo preposicionado seja também formado, nessa gramática, em orações raízes e dependentes finitas de ordem SVO, a frequência maior desse fenômeno é atestada nas ocorrências que dispõem de sujeito expresso em posição pós-verbal e/ou de sujeito não expresso.

5) Visita o Arcebispo aos cardeais legados do santo Concílio ( L. de Sousa, séc. 16)

6) e na ribeira viu a Pedro,e a seu irmão, que estavam lançando as redes ao mar ( A. Vieira, séc. 17, Sermões)

Por outro lado, a pesquisa revela haver, a partir do séc. 18, uso menor dessas estruturas em todos os contextos, com verbos finitos e/ou verbos não finitos. Considerando, o fato de uso maior dessas estruturas em sentenças finitas com sujeito expresso em posição pós-verbal e/ou com sujeito não expresso nos séc. 16-17; havendo, por outro lado, restrição de sua formação em todos os contextos a partir do séc. 18, período de mudança da ordem VS para a ordem SV (PAIXÃO DE SOUSA 2004), levanto como hipótese inicial de trabalho que é a posição canônica pós-verbal de realização do sujeito o motivo de inserção da preposição a nas sentenças transitivas com verbos finitos. A questão ainda pendente neste trabalho é verificar, por meio de novas investigações, seguidas de análises centradas nas propostas da Gramática Gerativa, se este também seria motivo de sua formação em contextos com verbos não finitos.