62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
---|---|
Título: | Princípios semióticos de triagem e mistura no discurso quilombola |
Autor(es): | Ilca Suzana Lopes Vilela. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | semiótica greimasiana, semiótica greimasiana, discurso quilombola |
Resumo |
Sob o prisma da semiótica greimasiana, consideramos a identidade como efeito de sentido. Ao cotejarmos o corpus – as bonecas pretas do Quilombo Conceição das Crioulas – testamos a produtividade da triagem e da mistura na abordagem do discurso quilombola. Tendo em conta a mobilização dos valores nos discursos, Fontanille e Zilberberg (2001) estabeleceram a triagem e a mistura como operadores que regem esse processo e o fundamento que dá partida a esse movimento sendo os princípios de exclusão e de participação. Em relação ao primeiro, é operacionalizado pela triagem que, posta em uso, põe em cena valores de exclusividade. No caso do segundo, a participação, tem-se a mistura, a qual opera por meio da interação e da assimilação de valores distintos. Aplicados à reflexão sobre a identidade nacional por Fiorin (2009), esses princípios serviram à descrição de culturas de exclusão (triagem) e de participação (mistura). Diz ele que, nas culturas de triagem, a aspectualização é descontínua e desacelerada porque estão presentes valores de exclusividade, os quais dão forma a trocas culturais pequenas ou nulas. Já as culturas de mistura, contínuas quanto ao aspecto e de andamento rápido, são marcadas pela integração entre culturas diferentes. Os valores postos em circulação por essas culturas, com efeito, serão diferentes. Operando com a intensidade, as culturas de triagem são regidas pelos valores de absoluto, de fechamento, de exclusão; as de mistura, de outra forma, lidam com a extensidade e veiculam os valores de universo, de expansão, de abertura (FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001). Tomando por base esses aspectos teóricos, no cotejo do corpus, as bonecas pretas, observamos que é a partir do operador da triagem que o discurso quilombola consegue criar o efeito de sentido de identidade, necessário a textos que se inserem num conjunto de práticas discursivas voltadas para a afirmação de uma identidade, quais sejam, aquelas que tematizam as relações étnico-raciais, de gênero, etc. No entanto, notamos ainda que, para atenuar o que se fazia excessivo, tal discurso se utilizou também da operação da mistura, de modo a evitar a construção de um universo semântico carregado de semantismos da pureza e exclusão típicos de discursos totalitários e intolerantes como os xenofóbicos, neonazistas, etc. |