62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Humor em crônicas jornalísticas: uma abordagem semiolinguística do discurso |
Autor(es): | Fabiana dos Anjos Pinto. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Crônica, Crônica, discurso |
Resumo |
Desde o século XIX, na seção de variedades dos jornais cariocas, a crônica vem sendo associada ao humor e ao ludismo. Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar e Machado de Assis, por exemplo, incorporaram o leitor ao processo de produção desse texto, construindo o jogo divertido da interlocução. Assim, a crônica seria, metaforicamente, uma prazerosa conversa. No século XXI, apesar de alterações visíveis no gênero, ficou registrado em nosso imaginário cultural que o humor é um fenômeno regularmente presente em crônicas. Por que motivo leitores diversos, estudiosos das Letras e do Jornalismo são categóricos nessa associação? Além disso, se o humor é característica marcante do gênero, como se descrevem as estratégias que o possibilitam? Para investigarmos essa relação e responder a esses questionamentos, recorremos à teoria semiolinguística do discurso, criada pelo linguista Patrick Charaudeau, especificamente às noções de contrato de comunicação, modos de organização do discurso e gênero textual. Com esse suporte teórico, pretendemos demonstrar que o humor pode ser compreendido como um recurso linguístico-discursivo, previsto no conjunto de convenções do gênero crônica, sobretudo pela cumplicidade que se deseja estabelecer entre escritor e leitor. A partir do corpus constituído por crônicas dominicais do jornal O Globo, em suma, intentamos verificar até que ponto procedimentos discursivos vários podem explicar o funcionamento humorístico em crônicas contemporâneas, contribuindo para que elas se tornem um ícone de sedução dos cadernos de jornal, transmutando-se em colunas de entretenimento. Por fim, cremos que as discussões motivadas neste trabalho podem oferecer diferentes perspectivas sobre o conceito de humor, identificando e descrevendo-o como um fenômeno de linguagem, elaborado pelo discurso. Ademais, como a crônica, no Brasil, é um texto com função de comover e entreter, julgamos viável a hipótese de que o humor pode integrar esse gênero em menor ou maior grau. |