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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A posição dos adjetivos de grau no sintagma nominal
Autor(es): TATIANE GONÇALVES SUDRÉ. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024
Palavra-chave ADJETIVO DE GRAU, ADJETIVO DE GRAU, POSIÇÃO POSPOSTA
Resumo

A ordem canônica do português brasileiro (PB) é núcleo-modificador, como vemos no exemplo (1). Porém, alguns adjetivos podem vir antepostos ao núcleo nominal (exemplos (2) e (3)):

  1. O homem solteiro/ *O solteiro homem
  2.  A menina esperta / A esperta menina
  3.  O homem pobre/ O pobre homem

A maioria dos adjetivos não pode ser anteposta ao núcleo nominal, como vemos em (1). O fato de poucos poderem vir à esquerda do nome é reconhecido na literatura, que associa cada ordem a uma interpretação distinta. ‘O homem pobre’ (3) é o único pobre num grupo de homens; a pobreza o individualiza. ‘O pobre homem’ tem outro significado; ele já está individualizado e sua pobreza não tem qualquer utilidade na sua identificação. Por sabermos quem é ele é que podemos avaliá-lo como um ‘pobre homem’. O adjetivo anteposto não é especificador nem restritivo, é avaliativo. ‘Pobre’ anteposto é sinônimo de coitado, e ‘pobre’ posposto, é aquele a quem faltam recursos materiais. A questão que se coloca, diante de dados como os de (1) a (3), é a de por que alguns adjetivos, mas não todos, podem desobedecer à ordem canônica em línguas românicas; em línguas como o inglês, a ordem canônica é modificador-núcleo, inversa à do português, mas todos os adjetivos se conformam a ela. Esse é um problema da interface sintaxe – semântica. O enigma a resolver passa por identificar as características especiais que permitem a esses adjetivos do PB assumir diferentes posições em relação ao núcleo nominal que modificam. Muita literatura é dedicada a essa questão, que ainda não recebeu uma explicação definitiva. Apenas os adjetivos de grau do ponto de vista sintático, projetam uma camada funcional sobre a lexical (Kennedy e McNally, 2005). Ao projetar esta camada funcional sobre a lexical, abrem espaço para a inserção de um intensificador (‘muito’, ‘bastante’, etc.). Eles promovem uma comparação entre graus. Essas peculiaridades semânticas e sintáticas tornam os adjetivos de grau aptos a aparecer antes e depois do núcleo nominal. Verificamos a hipótese de que somente os adjetivos de grau dispõem de “liberdade” quanto à sua posição no sintagma nominal, com um experimento. Os resultados confirmam a hipótese.