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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Aspectos do funcionamento de \'estar\' em espanhol e em português brasileiro
Autor(es): Telma Aparecida Félix da Matta Ccori. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave verbos copulativos, verbos copulativos, leituras aspectuais
Resumo

O objetivo do presente trabalho é explanar diferenças entre os comportamentos da cópula estar no PB e no espanhol, tanto em construções do tipo 'estar + gerúndio' quanto em construções locativas e atributivas. Observa-se que quando o tempo verbal em questão é o pretérito perfeito, em português estar não apresenta o funcionamento verificado no verbo homônimo do espanhol. Sentenças desta língua como

  1. Estuvo lloviendo el día anterior. (fonte:http://es.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120216014730AANdxzr)

  2. Cuando estuviste llegando ayer llovía. (fonte:http://es.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120216014730AANdxzr)

não encontram estruturas correspondentes em PB, de maneira que sua tradução literal resultaria agramatical:

 3. * Esteve chovendo no dia anterior.

 4. * Quando esteve chegando ontem [...].

As sentenças do tipo ‘estar + gerúndio' parecem não ser o único escopo das diferenças entre os funcionamentos da cópula em cada uma das línguas, uma vez que em espanhol também se atestam construções locativas e atributivas que não podem ser traduzidas literalmente para o PB; é o que podemos observar em exemplos como

5. Estuve hace dos veranos con mi familia, dos peques de 11 meses y una niña de 2 y medio y estuvo bien. (fonte:http://www.tripadvisor.es/ShowUserReviewsg580306-d248984-r191274818-Sol_Mirlos_TordosPalmanova_Calvia_Majorca_Balearic_Islands.html),

6 . Estive *Ø/(la) faz dois verões com minha família, dois nenens de 11 meses e uma menininha de 2 e meio, e *esteve muito bem.

Argumentamos que tais diferenças entre o funcionamento do verbo copulativo estar no espanhol e no PB se devem à manutenção de traços do verbo latino originário stare no verbo neolatino hispano e ao desaparecimento dos mesmos no verbo do Português do Brasil. Baseamo-nos em dados apresentados nos trabalhos de Batllori & Roca (2011) e Camacho (2012): do primeiro retomamos a discussão a respeito do processo de gramaticalização de estar em língua espanhola; comparamos o comportamento deste verbo ao do verbo pleno latino stare, observando que o verbo estar do espanhol moderno, quando em construção locativa, pode prescindir do complemento que indica localização, algo não verificado em PB. Do segundo trabalho exploramos a ideia de que estar em espanhol pode apresentar a leitura aspectual [+inceptivo] (ou 'incoativo'). A hipótese formulada é a de que em espanhol estar serve à expressão de pontos em uma dada linha do tempo, enquanto em PB tenderia a referir-se a intervalos.