62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | O silêncio da Dona Amélia |
Autor(es): | Ana Josefina Ferrari. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Mulheres, Mulheres, Quilombolas |
Resumo |
Quando se menciona o silêncio, geralmente, pensa-se na ausência de sons, na falta de palavras. Porém, no Brasil, no ano 1992 a pesquisadora Eni Orlandi, publicou o volume “As formas do silêncio” e trouxe, para os estudos da linguagem e , especificamente, do discurso, uma nova perspectiva sobre o silêncio. A autora afirma que o silêncio significa, ele tem uma materialidade e deve ser pensado na sua relação com a história. A partir desta proposição, podemos afirmar que o silêncio também é constitutivo da memória. No Brasil, por exemplo, o silêncio daquelas pessoas que foram escravizadas até o século XIX e o silêncio que atravessa as comunidades quilombolas, seus descendentes, hoje, é significativo. Esses silêncios em essas memórias coletivas se entrelaçam de modo particular e se moldam a partir de processos de subjetivação e identificação. O objetivo do presente trabalho é observar, delimitar e descrever os funcionamentos do silêncio e sua relação com a memória em relação aos processos de identificação que constituem as identidades femininas no espaço quilombola da comunidade de Batuva – município de Guaraqueçaba – Estado do Paraná-Brasil. Baseados nos princípios teóricos, colocados acima, que nos permitem pensar a memória discursiva e o silêncio a partir do diálogo com a história e a antropologia, adotamos como procedimentos de análise dos materiais, reunidos e recortados para compor o corpus, aqueles propostos na Análise do Discurso por Pêcheux (1975); Orlandi (1992; 2001, 2010;2012), Zoppi (2004). Para tal, comporemos nosso corpus de análise, inicialmente, de entrevistas realizadas a mulheres quilombolas da comunidade mencionada. As entrevistas foram efetuadas através da metodologia de conversa livre, não havendo utilizado questionários estruturados, nem semi-estruturados. Como resultado parcial, nas entrevistas primeiras, conseguimos detectar alguns elementos relevantes sobre o cotidiano das relações de gênero que organizam as práticas sociais na comunidade de Batuva, os que traremos nesta comunicação. Acreditamos que, a partir dessa perspectiva, poderia também ser pensado o espaço do silêncio. É a partir de posições de sujeito que a memória, o silêncio e o esquecimento se articulam. Nessa linha de raciocínio, podemos pensar que o dizer e o silêncio significam de um modo específico a partir da posição de mulher quilombola de comunidade rural. Um dizer que trará elementos para pensar o lugar dela nesta comunidade. |