62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Gramaticalização das construções correlativas condicionais |
Autor(es): | Renata Margarido. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Construções correlativas condicionais, Construções correlativas condicionais, Teoria funcionalista da linguagem |
Resumo |
Neste trabalho, objetiva-se tratar da gramaticalização das construções correlativas condicionais do tipo “se... é porque” (exemplo: Se penso, é porque existo) sob uma perspectiva da teoria funcionalista da linguagem. Utilizam-se como base os pressupostos teóricos de autores como Sweetser (1994), Goldberg (1995) e Traugott (2008). Levam-se em conta, entre outros aspectos, estas considerações: i) as expressões linguísticas podem ser classificadas em três domínios: do conteúdo (descrição de fatos do mundo), epistêmico (conclusão sobre os fatos) e do ato de fala (descrição de uma ação) (SWEETSER, 1994); ii) podem ser estabelecidas certas relações entre as construções, de acordo com o: princípio da motivação maximizada (se uma construção A é relacionada a uma construção B sintaticamente, então o sistema da construção A é ligado semanticamente à construção B), princípio da não sinonímia (se duas construções são sintaticamente distintas, elas serão semanticamente e pragmaticamente diferentes), princípio da força expressiva maximizada (o inventário de construções é maximizado por determinados propósitos comunicativos), princípio da economia maximizada (o número de construções distintas é minimizado o máximo que for possível) (GOLDBERG, 1995); iii) as construções podem ser vistas conforme uma hierarquia, a qual determina a existência das seguintes estruturas: a macro-construção (estrutura mais genérica, que constitui um pareamento de forma e sentido), a meso-construção (expressão de nível intermediário com estruturas específicas de natureza semelhante) e a micro-construção (construção individual de nível mais concreto) (TRAUGOTT, 2008). Em relação à metodologia, identificam-se ocorrências com “se..., é porque” em uma amostra de textos retirados do Jornal Folha de São Paulo (maio até dezembro de 2011) e da Revista Veja (janeiro de 1996 até dezembro de 2011). Para o exame dessas estruturas, foram estipulados estes critérios: i) padrão construcional (macro-construção, meso-construções e micro-construções); ii) domínio (conteúdo, epistêmico, conteúdo e epistêmico, ato de fala); iii) sentido do primeiro segmento da estrutura correlativa (condição, tempo e condição); iv) sentido do segundo membro da estrutura correlativa (causa, causa e conclusão, conclusão); v) presença/ausência de polifonia na construção; vi) estatuto informacional dos segmentos da construção (dado, novo); vii) subtipo de construção (factual, hipotética); viii) natureza da construção (objetiva, subjetiva); ix) possibilidade de omissão de um segmento da construção; x) possibilidade de omissão da expressão “é porque”; xi) intenção comunicativa presente nas ocorrências (informar, opinar, avaliar, criticar, ironizar, confirmar, exemplificar, definir, questionar, protestar, defender-se, refutar). Esses fatores permitem visualizar que a estrutura com “se..., é porque” está em processo de gramaticalização. |