62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | O processo de referenciação na construção da coerência em resumos/abstracts |
Autor(es): | LUCIANE SIPPERT. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | REFERENCIAÇÃO, REFERENCIAÇÃO, FUNÇÃO TEXTUAL-DISCURSIVA |
Resumo |
O presente artigo consiste em analisar os processos de referenciação na construção da coerência em resumos/abstracts de artigos científicos, com a finalidade de compreender a instabilidade da interlocução existente entre forma e função na construção de sentidos em textos escritos. Para tanto, compreende-se a referenciação como produto resultante da atividade cognitiva e interativa dos participantes de uma enunciação, por meio da construção e reconstrução de objetos de discurso (MONDADA & DUBOIS, 2003). Trata-se de uma pesquisa qualitativa-interpretativa, de cunho teórico-empírico. O corpus de análise deste trabalho é constituído por três resumos/abstracts, publicados na Revista DELTA, no período de 2005 a 2013, que abordam o tema “Mulher”. Os resultados demonstram a relação de complementaridade existente entre as expressões referenciais e suas funções textual-discursivas. Nos resumos/abstracts analisados, observou-se a recorrência de estratégias referenciais para introduzir referentes, fazer retomadas, recategorizações, organizar as informações e contribuir para a argumentação realizada em favor da relevância dos artigos que estavam sendo apresentados, que seria o propósito do gênero textual analisado. Nesse sentido, percebe-se que a instabilidade é linguística, mas não é determinada só pelo linguístico (forma) uma categoria pode deixar de ter um sentido e passar a assumir outro, dependendo do ponto de vista que é utilizada. Além disso, pode-se afirmar que os referentes, enquanto entidades que são interativamente e discursivamente produzidas pelos participantes de uma enunciação, não estão “fora” do discurso, ou melhor, não estão na realidade, tal como existe exteriormente, pois se trata de uma realidade construída pelos interlocutores, durante a qual se deparam com “efeitos de sentido” que podem ser confirmados ou modificados de acordo com os processos cognitivos e os diferentes contextos linguísticos e sociais envolvidos. Sendo assim, reforça-se o entendimento de que a referência, numa perspectiva sociocognitiva e interacionista, é resultado de um processo dinâmico, que ao invés de privilegiar a relação entre as palavras e as coisas, privilegia a relação intersubjetiva e social estabelecida pelos participantes da enunciação. |