62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Variação linguística, aquisição e aprendizagem da língua materna: um olhar para dados de alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental |
Autor(es): | Sabrina Casagrande, Clóvis Alencar Butzge. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | variação linguística, variação linguística, objeto direto anafórico |
Resumo |
O objetivo deste trabalho é levantar questões relacionadas ao ensino da língua materna a partir de dados coletados junto a alunos da educação básica do município de Realeza – PR. Mais especificamente, estes dados dizem respeito a dois fenômenos sintáticos que passaram por mudanças no Português Brasileiro: as orações relativas e o objeto direto anafórico. As mudanças, constitutivas das línguas naturais, fazem com que se estabeleça um “fosso” entre as variedades linguísticas empregadas pelos falantes e o que se prescreve na norma padrão. Desse modo, a escola, que tem como um dos seus objetivos, no que tange ao ensino da língua materna, fazer com que o aluno domine a norma padrão, e a empregue em situações reais de uso da língua, tem um grande desafio que é dar conta das “perdas linguísticas” (KATO, 1999) pelas quais a língua passa. Para que este trabalho seja bem sucedido, é de suma importância que o professor de língua materna entenda que os processos de aquisição e aprendizagem são distintos (KATO, 1999), o primeiro ocorrendo naturalmente, sem instrução formal por parte do adulto e com base no input a que a criança está exposta e, o segundo, sob orientação do professor. A consequência disso, dado o atual quadro do PB, é que as crianças chegam à escola usando variedades linguísticas que são distintas daquela que elas vão aprender na escola e o professor precisa encarar estas variedades como sendo parte da gramática da criança e objetivando inserir novas formas àquelas de que a criança já dispõe, aumentando o seu repertório linguístico(HAWAD, 2011). A análise de dados de alunos dos anos iniciais do ensino fundamental mostrou que as formas linguísticas empregadas por eles, relacionadas aos dois fenômenos em tela, ainda são aquelas que eles trazem do processo de aquisição, no entanto, é possível notar que a escola, em alguns casos, já consegue intervir, ainda que timidamente: nos dados de 5o ano pudemos notar a primeira ocorrência do pronome oblíquo átono de terceira pessoa: comeu-o. Com base nestes dados e na literatura pertinente, estão em processo de discussão e investigação estratégias de ensino dos dois fenômenos aqui analisados considerando uma pedagogia que pressuponha a variação linguística e não a homogeneidade linguística (FARACO, 2008; MOLLICA, 2003; BORTONI-RICARDO, 2004) e também que considere que a gramática dispõe, aos seus falantes, um série de recursos que auxiliam nas estratégias do dizer (HAWAD, 2011, 2012). |