62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Construção da identidade “caipira”: o “eu” e o “outro” |
Autor(es): | Pricila Balan Picinato. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Identidade, Identidade, \ |
Resumo |
Quem é o “caipira”? O que significa ser “caipira”? Podemos dizer que existe uma identidade “caipira”? As questões que envolvem a identidade não se restringem apenas ao lugar onde as pessoas moram ou as atividades que estas exercem. A definição do termo “identidade” é abordada por áreas distintas, como por exemplo, pela Psicanálise, Antropologia, Sociolinguística, dentre outras. Entretanto, é impossível não associar identidade e língua, pois a língua marca a identidade de um grupo (Dittamar, 1976). O objetivo desse estudo é analisar e descrever como os falantes da comunidade “caipira” e a mídia televisiva constroem a identidade “caipira”. Devido ao fato da variante retroflexa ser a “marca” do falar do dialeto “caipira”, foi feita uma pesquisa de campo com vinte falantes (dez homens e dez mulheres) das cidades de Sales Oliveira e Orlândia, para que pudesse ser analisada a ocorrência do emprego da variante retroflexa em situações comunicativas que exigem maior e menor formalidade. Essa pesquisa foi embasada no modelo laboviano e abrangeu três partes: entrevista, leitura de um texto e leitura de lista de palavras. Os participantes, também responderam a um questionário. Além da pesquisa de campo, foram analisados e descritos dados provenientes de onze novelas veiculadas pela mídia televisiva, que continham personagens no núcleo “caipira”. Os dados resultantes da mídia demonstram que as personagens “caipiras” são retradas de forma muito semelhante ao personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, pois, nas novelas, o emprego da variante retroflexa é destinado às personagens moradoras ou migrantes da zona rural, que não possuem trato social. Entretanto, mediante os dados obtidos na pesquisa de campo, pode-se perceber que o falante do interior, mesmo em situação comunicativa mais formal, em que é esperado o emprego de variedades de maior prestígio social, faz uso da variante retroflexa, ou seja, não tenta obscurecer a identidade “caipira”. Entretanto, ao ser questionado sobre o fato de ser “caipira”, este nega. Essa negação da identidade “caipira” diz respeito à forma como o “caipira” é retratado pela mídia, pois o habitante do interior não se reconhece na figura veiculada pelos meios midiáticos, uma vez que este nem sempre mora na zona rural ou possui pouco trato social. |