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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Os desafios da tradução de literatura infantojuvenil
Autor(es): Fernanda Silva Rando. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Tradução de literatura infantojuvenil, Tradução de literatura infantojuvenil, Estrangeirização
Resumo

No Brasil, a tradução de literatura infantojuvenil (LIJ) começa no fim do século XIX, mas, apesar do número de obras traduzidas só ter aumentado no país desde então, há poucas pesquisas relacionadas às características específicas do processo tradutório desse tipo literatura. A produção e tradução de LIJ estão especialmente marcadas pelo caráter assimétrico desse tipo de texto, ou seja, pelo menos na maioria das vezes, são adultos que escrevem e traduzem para crianças e jovens. Considerando esse aspecto, traduzir e/ou adaptar LIJ tem uma estreita relação com a imagem que o tradutor tem do seu público-alvo. Com o objetivo de analisar algumas características específicas da tradução de LIJ, este trabalho tem como objeto de estudo três traduções/adaptações do clássico Voyage au centre de la Terre (Viagem ao Centro da Terra), de Júlio Verne: a do tradutor Alberto Fomm Damásio, de 1965; a de 1994, de Cid Knipel Moreira; e a de Walcir Carrasco, de 2012. Outros fatores frequentes ao traduzir-se LIJ estão relacionados à domesticação e à “deformação” textual, sobretudo ao que Berman (2007) nomeia empobrecimento qualitativo e quantitativo – por “empobrecimento” dar uma ideia negativa às traduções que se valem de tal recurso, tipo de julgamento que não é meta da pesquisa, o termo será usado e discutido dentro do contexto dos trabalhos do teórico, e após será adotada a expressão “operação de redução”, toda vez que a tradução apresentar, por exemplo, termos mais genéricos em vez de mais específicos. Berman (2007) questiona, sobretudo, as traduções que não “respeitam” a “letra” do texto estrangeiro, ao privilegiarem apenas o “sentido”. O conceito de tradução domesticadora, contraposto ao de tradução estrangeirizadora, será analisado de acordo com Venuti (1996 e 2002); segundo o teórico, a domesticação promove a invisibilidade do tradutor, por aproximar o texto de chegada da cultura para a qual foi traduzido. Os textos analisados, em geral, não optam por estratégias de redução quanto aos termos, como de mineralogia e paleontologia, que permeiam toda a obra de Verne. A tradução de Carrasco mostra-se em vários pontos mais domesticadora que as outras duas, ao suprimir, por exemplo, citações latinas e referências históricas.