62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | O modo deôntico em Karitiana |
Autor(es): | Luiz Fernando Ferreira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Modo, Modo, Deonticidade |
Resumo |
O Karitiana é falado por cerca de 400 falantes em Rondônia e é uma língua em risco de extinção. Modo e a modalidade são fenômenos descritos superficialmente na língua, assim, o objetivo deste trabalho é aprofundar o conhecimento acerca desses fenômenos. Segundo STORTO (2002), o Karitiana possui seis modos verbais, a saber: declarativo, assertivo, imperativo, deôntico, condicional e citativo. Escolheu-se abordar o modo deôntico neste trabalho pois a analise desse modo se mostrou mais produtiva durante a pesquisa. O deôntico em Karitiana é expresso pelo prefixo verbal pyn- e indica algum tipo de obrigação como observado abaixo: (1) Pyn-pyt’y-t DEO-comer-NFUT ‘Ele tem que comer' (STORTO, 2002) O trabalho é feito dentro da Semântica Formal utilizando PORTNER (2011) e PALMER (2001) como principais bases teóricas. PORTNER defende que modo verbal é uma marca gramatical que aparece na sentença para expressar Modalidade. Assim, de acordo com essa definição, tanto o subjuntivo como o indicativo estariam na sentença expressassando sua modalidade. PALMER define modalidade como a atitude que o falante assume com relação à sentença. Assim, se o falante assume aquela sentença como uma ordem, essa modalidade deveria se manifestar na oração através do modo imperativo. De acordo com PALMER (2001), existem dois tipos de deonticidade: a obrigativa e a permissiva. A deonticidade obrigativa seria feita através do operador universal sobre mundos possíveis, pois sentenças como Turistas devem ter o passaporte expressam que em todos os mundos possíveis acessíveis os turistas têm o passaporte. Já a deonticidade permissiva é feita através do operador existencial sobre mundos possíveis, sentenças como Turistas podem dirigir expressam que em alguns dos mundos acessíveis os turistas dirigem mas não em todos. O morfema de deôntico em Karitiana sempre foi na literatura traduzido com uma leitura obrigativa, porém, novos dados mostraram que ele também pode ter uma leitura permissiva como observado abaixo: (2) Taso na-oky-t pynd boroja HomemÂÂÂ DEC-matar-NF DEO cobra ‘O homem tem que/pode matar a cobra’ O uso do deôntico como morfema livre após o verbo pronunciado como /pydn/ coocorrendo com o morfema do modo declarativo como na oração (2) que não estava registrado na literatura. Notou-se também a existência de um alofone de /pydn/ pronunciado /padn/ e aparentemente ambos estão em variação livre. Esses fatos não estavam documentados na literatura, o que mostra que o Karitiana conta com uma descrição que necessita ser mais aprofundada ressaltando assim a importância de estudos nessa língua. |