Programação do 62º seminário do GEL

Com o advento da web 2.0 e a democratização da Internet, a circulação do livro ganhou novos espaços que auxiliam a circulação de títulos e temas antes marginalizados pelo mercado do livro, aumentando a chance desses livros chegarem ao seu público de interesse, possibilitando assim a bibliodiversidade. Buscamos investigar esses novos espaços de circulação, pensando principalmente no funcionamento de editoras que publicam livros para públicos específicos e bem delimitados. Na tentativa de mostrar como tais editoras utilizam a web para encontrar seus leitores, estabelecer um diálogo com eles e também possibilitar o diálogo entre eles, acompanhamos o trabalho de três editoras preocupadas em oferecer e fazer circular livros para minorias, todas associadas à Liga Brasileira de Editoras (LIBRE). São elas: Brejeira Malagueta, que publica livros de temática lésbica; Pallas Editora, que publica livros de temática africana e afro-brasileira; e LiteraRua, que publica livros ligados à cultura hip-hop. O objetivo deste trabalho é estudar o mercado do livro, mais precisamente, os setores editorial, distribuidor e livreiro, buscando compreender como eles têm sido atravessados pelas novas tecnologias e qual é a atual relação deles com a web 2.0, procurando entender quais são os novos papéis dos agentes da cadeia produtiva do livro e qual é a contribuição das ferramentas virtuais para a bibliodiversidade. Para tanto, procuramos mostrar: (i) a análise da relação existente entre as editoras selecionadas e a LIBRE, tentando entender qual é a identidade que as une, o que é ser uma editora independente e o que as editoras buscam ao associar-se à libre; (ii) o efeito de sentido do termo bibliodiversidade. Na tentativa de entender a construção discursiva de cada uma das três editoras e da LIBRE, a relação entre as editoras e a LIBRE, a relação de cada uma delas com o espaço virtual e discutir o conceito de bibliodiversidade, a pesquisa se inscreve em um quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso que mobiliza as reflexões de Michel Foucault sobre a função-autor, as de Dominique Maingueneau sobre a noção de ethos, as de Roger Chartier sobre a circulação do livro e as de Pierre Lévy sobre a cibercultura.