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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Discurso de e discurso sobre: efeitos de sentido em torno da madrasta
Autor(es): Leandro Tafuri. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave sujeito-madrasta, sujeito-madrasta, discurso sobre
Resumo

A produção de sentidos estabelece-se pela relação entre sujeitos históricos, o que faz com que a interpretação se dê a partir do envolvimento do sujeito com a língua e com a história. Conforme preconiza Orlandi (2012, p.15), “o espaço de interpretação no qual o autor se insere com seu gesto – e que o constitui enquanto autor – deriva da sua relação com a memória (saber discursivo), interdiscurso”. Diante disso, colocamos em suspenso as produções de sentidos que circulam na esfera jurídica. Alicerçado nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa, de vertente pechetiana, este trabalho tem por objetivo evidenciar os discursos de que sustentam e atualizam discursos referentes à violência familiar, designados como discursos sobre. Na atualidade, inúmeros casos policiais ganham as páginas de jornais e revistas, fazendo erigir inúmeros discursos que fazem ressoar memórias. Interessamo-nos, no entanto, por caos que retratam violência familiar, como o da menina Isabella Nardoni, lançada por seu pai, com o auxílio da madrasta da menina, da janela em 2008. Lançaremos olhares mais atentos para a representação imaginária do sujeito-madrasta, tendo em vista os discursos que ressoam em torno ela, enquanto personagem, sustentando o discurso sobre a madrasta na atualidade, especificamente, no acontecimento criminal em tela. A materialidade a ser analisada é a Denúncia arrolada ao casal Nardoni, no caso de assassinato da menina Isabella, pelo Ministério Público. Essa materialidade por nós recortada, em função de nossos objetivos, discursiviza a cena do crime, configurando a madrasta, bem como o pai, como vilã, constituindo efeitos de realidade e de verdade em torno do sofrimento e da violência. O sujeito-leitor, ao deparar-se com esta materialidade textual e discursiva, “vê” materializado, o sofrimento da menina e a crueldade daqueles que deveriam zelar pelo seu bem estar, função social e discursiva dos pais, ressoando como memória. Os discursos que sustentam e atualizam a atrocidade que perpassa esse texto podem ser, dentre outros, o imaginário e a construção discursiva da madrasta dos contos de fadas, que é aquela que, no imaginário em circulação, quer se livrar da filha para poder ficar com o pai, sem disputar atenção.