62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Análise do discurso literário: autoria em cartas de Mário de Andrade |
Autor(es): | Fernanda Mussalim Guimarães Lemos Silveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Análise do discurso literário, Análise do discurso literário, epistolografia |
Resumo |
Neste trabalho pretendo, com base em fundamentos teóricos da Análise do discurso literário proposta por Dominique Maingueneau e, fundamentalmente, com base na concepção de autor formulada por ele em seu livro Discurso literário, analisar parte da produção epistolar de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, com o intuito de verificar os modos pelos quais se dá o imbricamento entre as três instâncias autorais postuladas por Maingueneau, a saber, a pessoa, o escritor e o inscritor. Em minhas análises pretendo ainda demonstrar que o conjunto extensíssimo de cartas escritas por Mário de Andrade são lugares discursivos por meio dos quais o autor busca construir uma rede de discípulos. Nessa perspectiva, as cartas daquele que é considerado o “Papa do Modernismo” – por refletir e teorizar incessantemente sobre a cultura e a arte brasileiras – podem ser lidas como uma importante estratégia de tentativa de ascensão do autor ao centro do campo literário brasileiro do início do século XX, na medida em que, por meio delas, constroem-se relações de aliança (em que Mário se coloca como mentor) com outros autores do campo literário. Esse modus operandi de tratamento de cartas de autores do campo literário abre uma nova via de abordagem de textos que, tradicionalmente, têm sido considerados de importância secundária para a literatura, uma vez que olhar para o funcionamento de um autor, ao invés de nos debruçarmos sobre a problemática da definição de fronteiras – como ocorre quando nos preocupamos em definir se um texto (como as cartas de autores consagrados) é efetivamente literário ou não –, permite conferir a certas produções do campo literário um estatuto que está para além do valor documental e histórico. Isto porque a análise do funcionamento da autoria em cartas pode permitir analisar o modo como um autor constrói uma identidade biográfica, se posiciona no campo literário e faz obra – tudo ao mesmo tempo. Em relação à metodologia de pesquisa, seguirei Dominique Maingueneau – segundo o qual o tratamento metodológico do corpus deve partir de hipóteses fundamentadas na história e em um conjunto de textos, sendo que a análise desse conjunto pode vir a confirmar ou refutar as hipóteses estabelecidas – e Michel Pêcheux – que propõe que uma metodologia de análise discursiva deve implicar movimentos de alternância entre os gestos de descrever o corpus e interpretá-lo. (APOIO: CNPq - Processo 305348/2012-4) |