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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: As estruturas de denominação na história da língua portuguesa: primeiros resultados
Autor(es): Gilcélia de Menezes da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Português Médio, Português Médio, Mudança gramatical
Resumo

Neste trabalho mostraremos os resultados de um estudo histórico descritivo sobre as formas de denominação na história do Português. Discutiremos os aspectos sintáticos e semânticos dos principais predicadores das estruturas denominativas em narrativas portuguesas dos séculos XV a XVII, e as implicações gramaticais das mudanças em sua diacronia. Em MENEZES DA SILVA (2010), mostrou-se que no início do século XV o verbo Chamar (se) transformou-se no principal predicador denominativo substituindo outros predicadores. Ex.: Dizer {“aquelle a que dizen Terreno”-CGE-1344} nas transitivas, e Haver nome {“E este avia nome Ricaldo”-CGE-1344} nas estativas. Esta mudança de predicador nas denominativas mostrou-se importante uma vez que as construções com chamar apresentavam características peculiares. Destacamos a expressão do Designando (Y) que nas transitivas podia ser SN ou SP, como nas atuais estruturas em PB, acarretando em dois tipos de construções: [X-chama-Y-Z]; [X-chama-aY-deZ]A partir do século XVI, o chamar sofreu alterações na estrutura argumental, reduzindo sua valência de três para dois, com a supressão do agente. PAIXÃO DE SOUSA & MENEZES DA SILVA (2009) explicam essa alteração através das características gerais da gramática do Português Médio (PM), na qual a posição à esquerda do verbo é ocupada pelo constituinte discursivamente proeminente, com o Sujeito predominantemente nulo [Y-V-(X-sujeito-nulo)-Z]. No caso de chamar, a proeminência recaia no Designando (Y), sendo o padrão frequente [Y-chama-(X-sujeito-nulo)-Z]. Essa estrutura sofreu uma reanálise diacrônica, suprimindo o Agente e fazendo emergir a construção estativa característica do Português Brasileiro [Y-chama-Z]. Entendemos que as estruturas com chamar-se [Y-chama-se-Z] e [Chama-se-Z], com Y nulo, no PM são construções ativas com se-indefinido, com Y na posição de tópico e o se argumental ocupando a posição de sujeito (CAVALCANTE, 2011). Estas são estruturas transitivas, semanticamente diferentes das atuais estruturas estativas do PE e PB [Y-chama-se-Z] e [Y-chama-(se)-Z] nas quais alguém possui uma denominação.

Referências Bibliográficas

CAVALCANTE, S. R. de O.. (2011) O se-passivo é passivo? Revisitando as construções com SE na história do Português. http://academia.edu/617565. Acesso em: 19, jun., 2013.

MENEZES DA SILVA, G.. A Valência do Predicador Chamar na Diacronia do Português. 2010. Dissertação (Mestre) – IEL – UNICAMP, Campinas, 2010.

PAIXÃO DE SOUSA, M. C.; MENEZES DA SILVA, G.. A diacronia do verbo Chamar e a proeminência à esquerda no português. In: Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas. Ma João Marçalo & Ma Célia Lima-Hernandes et. al. (Eds.), Évora, 2009.