62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Ressonâncias do vazio urbano: alguns aspectos da cidade em Página órfã, de Régis Bonvicino |
Autor(es): | Jhenifer Thaís da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Poesia brasileira contemporânea, Poesia brasileira contemporânea, Cidade |
Resumo |
Este trabalho propõe-se à pesquisa dos aspectos composicionais que dão vazão à comunicação de uma espécie de vazio advindo do espaço urbano. Ao que nos parece, o olhar lançado ao caos megalopolitano que se corporifica na voz poética de grande parte dos poemas de Página órfã (2007), do poeta contemporâneo Régis Bonvicino, elucida uma problemática da qual não se pode fugir: o lugar da cidade do tempo presente dentro da produção poética contemporânea. Viadutos, sirenes, mendigos, lixo, materiais em decomposição... Eis alguns dos elementos que circulam nos poemas de Página órfã (2007), que nos servem como matéria para um estudo que se preocupa com os modos de representação da cidade e alguns dos resultados que essa representação pode gerar quando o que se constata é o caos. Página órfã (2007) não é “[...] indiferente à contradição entre modernidade artística concluída e modernização socioeconômica truncada e desigual” (Weintraub, 2013) e, portanto, mostra-se como uma busca de “retorno ao real” (Simon, 2008), de maneira a construir a relação entre sujeito e cidade contemporâneos. Nossa escolha deveu-se, portanto, à união de dois interesses principais: analisar aspectos da obra poética de Bonvicino em termos da comunicação do vazio – a fim de perceber em que medida ela é responsável pela articulação de uma poética que parece oscilar entre o compor e o comunicar algo –, assim como compreender alguns dos movimentos que regem sua produção, principalmente no livro Página órfã (2007). Diante do exposto, valer-nos-emos de alguns estudos sobre a lírica moderna para, então, chegarmos à contemporânea, já que a produção de hoje herda vários dos traços da poesia moderna, ora para subvertê-los, ora para afirmá-los. A negatividade e o vazio estudados, entre outros, por Hugo Friedrich e, posteriormente, por Alfonso Berardinelli, são sinais que nos auxiliam a verificar como a tradição da lírica moderna ressoa na produção atual, permitindo, assim, que averiguemos algumas das razões que levam o fazer poético contemporâneo a voltar-se para uma reflexão sobre a representação do centro urbano. |