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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Território vermelho: a escrita de si
Autor(es): Atilio Catosso Salles. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Escrita de si, Escrita de si, cidade
Resumo

No espaço da cidade, o simbólico e o político estão articulados de forma particular. A isto Orlandi (2008) chama de “ordem do discurso urbano”. Enfim, tendo como base tais considerações e tomada de posição teórica, questionamos em Território Vermelho, documentário produzido por Kiko Goifman (2008): “como a cidade se significa? Como o espaço que a cidade se diz, se simboliza, e, por outro lado, como a linguagem se espacializa na cidade? Cidade e suas falas desorganizadas estabelecem relações sociais significadas pelos lugares em que o sentido falta, lugares em que incidem constantemente novos processos de significação e atingem ao mesmo tempo uma ordem do discurso e uma ordem social urbana. À medida que a cidade nos expõe à sua ordem, o incompleto e o equívoco se apresentam diante daquilo que não se pode controlar, tal como no funcionamento da língua. Não há consenso na dispersão do discurso social. O habitante “cidadão”, que para Orlandi é tomado como uma posição-sujeito-significativa é parte de todo o acontecimento urbano. É como posição sujeito-urbano que se busca ler as relações sociais na cidade como sendo antes de tudo, relações de sentidos, de memória. Nesse sentido, nos orientamos na vertente contrária a do senso comum sobre o trabalho da memória, ao considerar de início uma não busca da experiência da cidade em seu real, o que é próprio do discurso urbanístico. Pelo contrário, orientamos-nos pela distinção entre discurso urbano e sobre o urbano, reencontrar o real desse processo de significação por onde ele foge. Fuga administrada e sobredeterminada pelo imaginário urbano já significado. Os espaços de rua (o da periferia, dos becos, das favelas, dos lixões) são, pelo movimento de torção da própria organização citadina, postos para fora da cidade. Há esse esforço de denegação de um espaço urbano não autorizado a se significar enquanto espaço público que, no entanto, conforme observamos, resiste, por exemplo, ao ocupar espaço numa produção cinematográfica como a do Território Vermelho. Em Território, parte desse esquecimento é flagrado, mais do que isso, o espaço urbano de pertencimento (de sujeitos) passa a ocupar, pelo próprio gesto da narratividade em imagens, lugar na cidade.